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sábado, 24 de janeiro de 2015

The only one…









The only one









The only one




















“Se queres convencer alguém da tua verdade, não a expliques ou demonstres – afirma-a.
E ela será tanto mais convincente quanto mais força puseres na afirmação. A afirmação é compacta, a demonstração é cheia de buracos.
Uma pedra não tem intervalos para os ratos se intervalarem nela. Se queres ser chefe e dominador e senhor, berra o teu SIM ou o teu NÃO e deixa aos fracos o TALVEZ. E terás ocupado o baldio das almas humanas em que elas não sabem que semear.
E serás histórico, se fores grande,mesmo no crime. Porque o homem é míope da sua natureza e só vê acima do tamanho do boi.”

(...)

“Uma força estranha pôs-te em movimento uma certa multiplicação de células. E quando o conjunto estava organizado, nasceste.
Um dia soubeste desse conjunto e reflectiste maduramente sobre ele. Já não te lembras. Mas de vez em quando voltas à tua obsessão.
Maravilhas-te e interrogas-te como diante de toda a maravilha. E porque a maravilha é maior do que tu, continuas. E a única forma de não continuares, é ser essa maravilha mais pequena do que tu. E a maneira mais fácil de isso conseguires, é seres um imbecil.”

(...)

“O mais perigoso no homem é ser um animal racional, sem fronteiras para ser uma coisa de cada vez.
Assim é-se animal na racionalidade como se é racional na animalidade. Porque tem a razão a racionalizar-lhe o animal e o animal a animalizar-lhe a razão. E aí não é possível distinguir-lhe o coice de um silogismo.”

(...)

“A força da nossa vontade tem que ver com a vontade da nossa força. Porque a verdade é o que é pela sua justeza, mais o músculo anterior de quem a enuncia. Por isso é tão incompreensível a tolerância na juventude como a intolerância na velhice.
Assim, a intolerância é um sinal de juventude de se ser um homem firme como na velhice é um sinal de se ser taralhouco.
Assim a democracia não é o triunfo da juventude, a não ser como um terreno é o triunfo do que lá se cultiva. Porque a democracia não é uma “ideologia”, mas o caldo em que todas elas se podem desenvolver. Assim o que melhor a defende é que as ideologias perderam a semente do serem. Mas o que desse modo melhor a define a democracia na sua estabilidade e defesa contra o que a ameace, não é o convívio das várias ideologias, mas a indiferença em face de todas elas. Como na entropia, o regime que nos espera no limite do esperar, está para lá da democracia porque é a ausência de qualquer um. O homem não vai suicidar-se porque a vida sem razão não é razão para que o suicídio valha a pena. Honestamente, o homem vai continuar a morrer de “morte natural”. Mas talvez por inanição. Ou simplesmente de tédio, enquanto não achar um motivo que não o seja. E o tédio não se trata na psiquiatria, mas num sono em que se apodreça de bolor.”

(...)

“Não demonstres de mais, se não queres contradizer-te.
Não queiras saber de mais, se queres saber alguma coisa.
O limite da razão é o silêncio. Como o da luz é a cegueira. Ou o da justiça, o crime. Ou do amor, a servidão ou a imbecilidade.”

(...)

“Nós utilizamos apenas uma fracção do cérebro, diz-se. De todo o nosso ser também, digo eu.”

(...)

“Sim, devo ter sentido a pergunta sobre quais as formas de arte maiores e menores. Há uma corrente única de vida que atravessa todo o existente – incluídas portanto também as pedras. Mas tem sentido graduarem-se as formas que ela manifestar. Enquanto vida, ela é igual no homem ou numa minhoca. Mas diferencia-se pela sua complexidade. Não há menos arte, enquanto arte, numa tela de Rembrandt e numa cerâmica de Estremoz. Mas a complexidade de ambos fala uma voz diferente nesse ser complexo.
E se compararmos um género de arte com outro?
Um quadro com uma música ou um romance com um bailado, ou um filme com uma catedral?
Onde se demarca a complexidade ou a carga humana que suportam?
Qual deles diz mais? Qual deles diz melhor? Em que parte de nós isso se diferencia? Isso se afere?
Não me perguntes.
Porque a resposta está apenas no saldo que em ti ficou no que em ti existiu para elas. E ninguém sabe se o saldo maior não foi simplesmente o da música de um cego numa esplanada ao sol...”

(...)

“A vida tem apenas uma fracção mínima de coincidência com o que realizamos. O futebolista esgota-a em dez, quinze anos. O intelectual em trinta ou quarenta. O resto é uma parede onde se pendurou um retrato enquanto se sabe quem é ou o excesso da vida que foi ser vida mais à frente, onde só por delicadeza ou distracção nos deixa ainda entrar. Ou um bibe e um banco de jardim ao sol. Ou o cuidado de uma mãe e o chateamento de um filho. Ou a promessa de tudo ser possível e a decepção de o ter sido. Ou.”

(...)

“Se no universo houvesse caos e não ordem, acabarias por achar no caos uma ordem.
Se o homem em vez de ser homem que é, tivesse o corpo de gorila, acabarias por achar nele o que fosse belo e feio. Deus põe mas tu dispões.
O que te valeu a ti, para não apanhares uma paixão tremenda por uma sapa, foi o homem não ter nascido com o feitio do sapo.”

(...)

“Minha imaginação doente. Meu pensar de loucura. Entender. Porquê a obsessão de entender o que não tem entendimento possível?
Porquê a obsessão de ter de haver uma resposta, apenas porque houve uma pergunta?
Todo o entender é no impossível que tem o seu limite. Mas o impossível é a medida do homem e a sua vocação. Aí sou. Aí estou.”






Vergílio Ferreira
“Pensar”










































Lying awake, alone in my bed
Voices are calling from inside my head
You'd be surprised if you knew what they really said

From my dark rooms, I've shut the world out
Hiding from it all, can't you see
it's too painful to talk about
I'm not what I used to be

Some things we leave alone
And wish that we'd never known
And sometimes we go too far
To hide our scars

[Chorus]
I am not the only,
The only one who runs
No, I am not the only one
Cause when it's down
to wire we all run
Im not the only one

Break down the door
Let in the light
Im not the same anymore,
I've got to come clean you know
These loose ends just got to go

Some things we leave alone
And wish that we'd never known
And sometimes we go too far
To hide our scars

[Chorus]

So break down the door, let in the light

[Chorus]








Nocturnal Rites
“Not the only”































































































































































































Tito Colaço



XXIV _ I _ MMXV



























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