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domingo, 4 de janeiro de 2015

Just simply you...











Just simply you...











Just simply you...















Dia entre pescadores. Eles a pescarem sardinha para a fome orgânica do corpo, e eu a pescar imagens para uma necessidade igual do espírito.
Tisnados de saúde, os homens olham-me, e eu, amarelo de doença, olho-os também. 
Certamente que se julgam mais justificados do que eu, e que o mundo inteiro lhes dá razão.
Mas da mesma maneira que eles, sem que ninguém lhes peça sardinha, se metem às ondas, também eu, sem que ninguém me peça poesia, me lanço a este mar da criação.
Há uma coisa que nenhuma ideologia pode tirar aos artistas verdadeiros: é a sua consciência de que são tão fundamentais à vida como o pão.
Podem acusá-los de servirem esta ou aquela classe. Pura calúnia.
É o mesmo que dizer que uma flôr serve a princesa que a cheira.
O mundo não pode viver sem flores, e por isso elas nascem e desabrocham. Se olhos menos avisados passam por elas e as não podem ver, a traição não é delas, mas dos olhos, ou de quem os mantém cegos e incultos.






Miguel Torga
 "Diário (1943)"
                                 














Já pensou nisto? 
Nós queremos ser famosos como um escritor, como um poeta, pintor, político, cantor, ou o que quiser. Por quê?
Porque realmente não amamos o que fazemos.
Se amasse cantar, ou pintar, ou escrever poemas, se realmente amasse isto, não estaria preocupado em ser ou não famoso.
Querer ser famoso é enganoso, trivial, estúpido, não tem significado, mas porque não amamos com o que fazemos?
Queremos nos enriquecer com fama.
A nossa educação actual está deteriorada, porque nos ensina a amar o sucesso e não o que fazemos.
O resultado tornou-se mais importante do que a acção.
Sabe, é bom esconder o seu brilhantismo, ser anónimo, amar o que faz e não se exibir.
Isso não o torna famoso, não faz a sua foto sair nos jornais. Os políticos não batem à sua porta. É simplesmente um ser-humano criativo, que vive anonimamente, e nisso existe riqueza e grande beleza.






J. Krishnamurti
“The book of life”



























































































































































Tito Colaço
IV _ I _ MMXV





























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