To be
and not to be…
To be and not to be…
Donde vem a Verdade-mais-erro de toda
a teoria filosófica?
Cada um de nós é Deus sendo ele, é
Deus pensando-se ele . Como por isso, cada um de nós é Deus, cada um de nós vê
a verdade, tem a verdade em si.
Mas como cada um de nós, é, por pensamento
de Deus não-Deus, não-ser, é erro.
Pensamo-nos como Deus.
Somos determinados, porque somos
livres, porque somos Deus, e porque Deus, somos o determinante, determinando-se
a si-próprio, sendo livre, portanto, porque o determinar-se a si é ser livre.
Dos sistemas filosóficos, os positivos
erram por incompletos; os negativos por parciais ; os criticistas e cepticistas
por todo o sistema positivo, o materialismo, por exp., peca por não ir até ao
fim. Tudo é matéria, diz. É certo.
Mas a matéria é o total pensamento dela.
Portanto, tudo é matéria, quer dizer que tudo é Deus, porque é o ser .
O ser, para ser outro, tem de ser não-ser.
Por isso a verdade para ser humana, tem
de ser erro.
Mas o não-ser como existe?
Só para o pensamento que o pensa como
sendo não-ser . O não-ser é o não-ser ; tem um ser , que é o do não-ser;
pertence ao ser portanto.
Ser tem dois sentidos; o de ser absoluto,
por ser para si, no que absolutamente, pode ter; o de ser, como oposto a não-ser,
que tem para nós.
O não-ser existe, é, como não-ser .
Pensado como não-ser, existe, porque como não-ser é pensado. Mas, para além
deste pensamento não é, porque é não-ser.
Não nos é possível pensar o não-ser como
não sendo, porque pensar é fazer ser, e portanto pensar o não-ser é fazê-lo
ser, como não-ser.
Há pois 3 formas de ser:
(1) Ser como ser, em si, além de absoluto.
(Deus como ser em si e para si, existe).
(2) Ser absoluto envolvendo em si o não-ser
e fazendo-o ser. (Deus como para nós existe).
(3) Ser relativo. (Deus como em nós existe.)
É-nos impossível pensar ser, sem como
oposto a não-ser, ser como não sendo não-ser, ou o não-ser como ser sendo
não-ser.
O ser como ser, e o não-ser como não-ser
são-nos impensáveis.
Pensar o ser absolutamente, seria pensar
o não-ser, seria não pensar, o que nos é impossível quando pensamos.
Isto é assim, porque somos ser e não-ser.
Pero Botelho
“O VENCEDOR DO TEMPO — Serzedas”
My look blue as the sky
Is as calm as water in the sun.
It’s that way, blue and calm,
Because it doesn’t question and it doesn’t get surprised...
If I did question or got surprised
New flowers wouldn’t bloom in the meadows
And nothing would change in the sun in a way to make it more beautiful...
(Even if new flowers bloomed in the meadows
And the sun turned more beautiful,
I would sense fewer flowers in the meadow
And would find the sun more ugly...
Because everything’s like it is and so it’s what it is,
And I accept, and I’m not even thankful,
So I don’t seem to be thinking about it...)
What we see of things is things.
Why would we see one thing as being another?
Why is it that seeing and hearing would deceive us
If seeing and hearing are seeing and hearing?
The main thing is knowing how to see,
To know how to see without thinking,
To know how to see when you see,
And not think when you see
Or see when you think.
But this (poor us carrying a clothed soul!),
This takes deep study,
A learning to unlearn
And sequestration in freedom from that convent
Where the poets say the stars are the eternal brothers,
And flowers are penitent nuns who only live a day,
But where stars really aren’t anything but stars,
And flowers aren’t anything but flowers,
That being why I call them stars and flowers.
Alberto
Caeiro
“The keeper of flocks”
(Poems:
XXIII – XXIV)
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