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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Abstract...





















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As crianças não entendem quando algo acontece fora do que já sabem ser o correcto aprendido, pois é ensinado como ter de ser assim.
Lembro-me de me perguntarem a pergunta mais frequente quando temos pouco mais de um metro: Então, o que queres ser quando fores grande? - Para além das muitas versões, a que foi mais persistente, foi esta resposta: 
Arquitecto!
- Ah sim? Então porquê? Gostas de desenhar casas? -
 Os curiosos não ficavam satisfeitos com o meu estranho motivo, ficavam quase sempre em modo introspectivo. 
Sim e também desenho a vida dentro das casas. Desenho muitos prédios, uns mais altos que outros, e por dentro as pessoas que lá vivem. Velhinhos sozinhos, e famílias com crianças como eu a brincarem, quase todas sem irmãos, umas mães a cozinhar, os pais que chegam do trabalho, os passarinhos e cães presos, depois jantam, dormem, de manhã saem de casa, e tudo de novo ao fim da tarde.
- Mas gostas de desenhar as casas, por isso achas que vais ser arquitecto, é isso? - Insistiam.
- Sim, mas com as pessoas, porque as casas sem as pessoas são espaços vazios, sem sentido, por isso desenho tudo. Faço mal em fazer assim? - Perguntava admirado.
- Não, claro que não. – Já contrariados.
Fazia confusão naquelas cabeças adultas, não ser objectivo, limitado ao normal. Sem a imaginação de uma criança que outrora foram, entretanto, emendadas pela formatação decorrente da desistência de se encontrarem na liberdade fora do pensamento socialmente formatado.
A pintura e a poesia, podem ser assim abstractas na medida em que forem abstractos os seus autores, famintos de uma liberdade sem limites, criadores de linhas em branco, onde convidam a parceria de quem vê um desenho, um quadro, ou lê uma poesia ou prosa, e completo ficará, nesta bela, livre e completude abstracta.
Ora cada olhar tem um pensamento próprio, como cada diamante tem o seu brilho. Sabemos que nem todos consideram o diamante, algo valioso. Porém, nem por isso este deixará de brilhar.
O pensamento voa sem asa, como o pássaro a necessita para voar. A cor do pássaro depende de quem o olha, o mesmo pode diferir consoante o sinta na pintura ou poema que lhe criei.
Mantenha essa compreensão nas crianças que continuam a crescer nesta formatação decorrente da desistência de se encontrarem na liberdade fora do pensamento socialmente formatado.
E encontre o seu pássaro, feche os olhos, e verá que estará sempre, onde afinal sempre esteve.

Boa semana.


TITO COLAÇO
19.01.2015


Comentário editado em: http://umjeitomanso.blogspot.pt/











































































































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Tito Colaço

XIX _ I _MMXV




















































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