"Almost all of our relationships begin and most of them continue as forms of mutual exploitation, a mental or physical barter, to be terminated when one or both partners run out of goods.
But if the seed of a genuine disinterested love, which is often present, is ever to develop, it is essential that we pretend to ourselves and to others that it is stronger and more developed than it is, that we are less selfish than we are. Hence the social havoc wrought by the paranoid to whom the thought of indifference is so intolerable that he divides others into two classes, those who love him for himself alone and those who hate him for the same reason.
Do a paranoid a favor, like paying his hotel bill in a foreign city when his monthly check has not yet arrived, and he will take this as an expression of personal affection – the thought that you might have done it from a general sense of duty towards a fellow countryman in distress will never occur to him. So back he comes for more until your patience is exhausted, there is a row, and he departs convinced that you are his personal enemy. In this he is right to the extent that it is difficult not to hate a person who reveals to you so clearly how little you love others."
W. H. Auden
"The Dyer's Hand"
"So our first demand is whether it is possible to end conflict in all our relationships, at home, in the office, in every area of our life, to put an end to conflict.
"Para a maioria de nós, o relacionamento com outra pessoa baseia-se em dependência, seja ela económica ou psicológica. Essa dependência cria medo, alimenta em nós a possessividade, resulta em atritos, suspeitas, frustração. A dependência económica de outro pode eventualmente ser eliminada através de um conjunto de leis e de uma organização adequada, mas refiro-me em especial àquela dependência psicológica de outro, que é consequência da ânsia por satisfação pessoal, felicidade e assim por diante.
Num tal relacionamento possessivo, a pessoa se sente enriquecida, criativa e activa; ela sente que a sua pequena chama de ser está aumentada pelo outro. De maneira a não perder essa fonte de plenitude, receia-se perder o outro, e assim formam-se os temores possessivos com todos os problemas deles resultantes. Assim, nesse relacionamento de dependência psicológica, deve haver sempre medo, consciente ou inconsciente, deve haver suspeita, com frequência escondida sob palavras agradáveis. A reacção a esse medo leva sempre a procurar segurança e enriquecimento através de diversos canais, ou a isolar-se em ideias e ideais, ou a procurar substitutos para satisfação.
Embora sejamos dependentes de outro, há ainda o desejo de ser inviolável, de ser pleno. A complexidade do problema do relacionamento está em como amar sem ser dependente, sem atrito ou conflito; está em como vencer o desejo de se isolar, de se afastar da causa do conflito. Se, para a nossa felicidade, dependemos do outro, da sociedade ou do ambiente, eles se tornam essenciais para nós; nos apegamos a eles, e nos opomos a qualquer alteração neles pois deles dependemos para nosso bem-estar e segurança psicológica.
Embora intelectualmente percebamos que a vida é um processo de fluxo contínuo, de mutação com necessidade de transformações constantes, emocional ou sentimentalmente nos apegamos aos valores estabelecidos e confortáveis; daí haver uma constante batalha entre a mudança e o desejo de permanência. É possível pôr um fim a esse conflito?
Não pode existir vida sem relacionamentos, mas nós tornamos isso odioso e angustiante ao basear esses relacionamentos em amor pessoal e possessivo. Pode alguém amar sem, no entanto, possuir?
A resposta verdadeira será encontrada, não na fuga, nos ideais, nas crenças, mas através do compreender as causas da dependência e da possessividade. Se se consegue entender com profundidade esse problema do relacionamento entre nós e o outro, então talvez possamos compreender e resolver o problema do nosso relacionamento com a sociedade, pois a sociedade não é mais do que uma extensão de nós mesmos.
O ambiente que chamamos sociedade foi criado por gerações passadas; nós o aceitamos, na medida em que ele nos ajuda a manter a nossa cobiça, a nossa possessividade, a nossa ilusão.
Nessa ilusão não pode haver unidade ou paz.
A mera unidade económica, conseguida através da compulsão e de um conjunto de leis, não pode pôr fim à guerra. Não poderemos ter uma sociedade pacífica enquanto não entendermos o relacionamento individual. Uma vez que o nosso relacionamento é baseado em amor possessivo, precisamos estar cientes, nós mesmos, da sua origem, das suas causas, da sua acção.
O tornar-se profundamente consciente do processo de possessividade, com a sua violência, os seus temores, as suas reacções, produz uma compreensão que é total, completa.
Essa compreensão, por si só, liberta o pensamento da dependência e da possessividade. É no interior do indivíduo que pode ser encontrada a harmonia do relacionamento, não em algum outro ou no ambiente.
No relacionamento, a causa primeira de atrito é a própria pessoa, o si mesmo que é o centro de anseios aglomerados.
Se ao menos pudermos verificar que, de primordial importância não é o modo de agir do outro, mas sim como cada um de nós age e reage, e, além disso, se pudermos entender com amplitude e profundidade essa acção e reacção, então o relacionamento poderá sofrer uma transformação profunda e radical.
Nesse relacionamento com outro, não há apenas o problema físico, mas também aquele do pensamento e sentimento em todos os níveis, e só se pode estar em harmonia com o outro quando se está integralmente em harmonia consigo mesmo.
No relacionamento, a coisa importante a se ter em mente não é o outro, mas a si mesmo, o que não significa se isolar, mas perceber profundamente em si mesmo a causa do conflito e da dor. Na medida em que dependemos do outro para nosso bem-estar psicológico, intelectual ou emocional, essa dependência criará inevitavelmente o medo do qual se originará a dor.
Para compreender a complexidade do relacionamento é preciso haver paciência interessada e veemência. O relacionamento é um processo de auto-revelação no qual descobrimos as causas ocultas da dor. Esta auto-revelação só é possível no relacionamento.
Estou a dar ênfase ao relacionamento porque, ao compreender com profundidade a sua complexidade, estaremos a criar entendimento, um entendimento que transcende a razão e a emoção.
Se o nosso entendimento se basear apenas na razão, surge o isolamento, o orgulho e a falta de amor, e se basearmos o nosso entendimento meramente na emoção, então ele não terá profundidade; haverá apenas um sentimentalismo que logo evapora, sem nada de amor.
Apenas desse entendimento pode resultar plenitude de acção. Esse entendimento é impessoal e não pode ser destruído. Não se dá mais sob o comando do tempo. Se não pudermos atingir o entendimento a partir dos problemas diários de cobiça e dos nossos relacionamentos, então buscar esse entendimento e amor em outros reinos da consciência é viver em ignorância e ilusão.
Não compreender inteiramente o processo da cobiça, e meramente cultivar a gentileza, a generosidade, significa perpetuar a ignorância e a crueldade.
Não compreender integralmente o relacionamento, e apenas cultivar a compaixão, o perdão, significa cair no auto-isolamento e mergulhar em formas subtis de orgulho. Entender completamente o apego traz compaixão, perdão. As virtudes cultivadas não são virtudes. Essa compreensão requer um estado de consciência constante e alerta, um vigor flexível. O mero controle, com o seu treinamento peculiar, é cheio de perigos, uma vez que é unilateral, incompleto e, portanto, superficial. O interesse traz consigo a sua concentração espontânea, natural, na qual floresce a compreensão. Esse interesse é despertado pelo observar, pelo questionar as acções da existência diária.
Para apreender o complexo problema da vida com os seus conflitos e dores, é preciso atingir a compreensão total. E isso só pode ser feito quando se compreende com profundidade o processo de apego que actualmente se constitui na força central da nossa vida.
Questionador: Quando fala de auto-revelação, o senhor quer se referir ao facto de se revelar a si mesmo ou aos outros?
J. Krishnamurti: Com frequência uma pessoa revela-se para os outros, mas pergunto, o que é mais importante: ver-se a si próprio como se é ou revelar-se para o outro? Tento explicar que, se o permitirmos, todo o relacionamento actua como um espelho no qual se pode perceber tudo o que é desonesto e tudo o que é direito. Ele dá o foco necessário para se poder ver com agudeza, mas, como expliquei, se estivermos ofuscados por opiniões, preconceitos, crenças, não poderemos, não importa quão intenso seja o relacionamento, ver claramente, imparcialmente. Nesse caso, o relacionamento não é um processo de auto-revelação.
A nossa consideração primordial é: O que nos impede de ver verdadeiramente? Não somos capazes de perceber, pois as nossas opiniões a respeito de nós mesmos, dos nossos temores, dos nossos ideais, crenças, esperanças, tradições, tudo isso funciona como véus. Sem entender as causas dessas distorções, tentamos alterar ou nos ater àquilo que é percebido, e isso cria novas resistências e novas dores. O alterar ou aceitar o que foi percebido não deveria ser a nossa principal preocupação, e sim o tomar consciência das diversas causas que nos fazem ter estas distorções. Alguns poderiam alegar não dispor de tempo para se tornar cientes; eles vivem muito ocupados, e assim por diante, mas não é tanto uma questão de tempo, mas de interesse. Além disso, no que quer que eles estejam ocupados, há o início da tomada de consciência. Buscar resultados imediatos significa destruir a possibilidade de um completo entendimento."
"I was always attracted not by some quantifiable, external beauty, but by something deep down, something absolute.
This does not mean that we retire in isolation, become a monk, or withdraw into some corner of our own imagination and fancy; it means living in this world to understand conflict. Because, as long as there is conflict of any kind, naturally our minds, hearts, brains, cannot function to their highest capacity.
They can only function fully when there is no friction, when there is clarity. And there is clarity only when mind that is the totality, which is the physical organism, the brain cells, and the total thing which is called the mind, is in a state of non-conflict, when it functions without any friction; only then is it possible to have peace."
Jiddu Krishnamurti
"The Collected Works, vol XVI"
"Para a maioria de nós, o relacionamento com outra pessoa baseia-se em dependência, seja ela económica ou psicológica. Essa dependência cria medo, alimenta em nós a possessividade, resulta em atritos, suspeitas, frustração. A dependência económica de outro pode eventualmente ser eliminada através de um conjunto de leis e de uma organização adequada, mas refiro-me em especial àquela dependência psicológica de outro, que é consequência da ânsia por satisfação pessoal, felicidade e assim por diante.
Num tal relacionamento possessivo, a pessoa se sente enriquecida, criativa e activa; ela sente que a sua pequena chama de ser está aumentada pelo outro. De maneira a não perder essa fonte de plenitude, receia-se perder o outro, e assim formam-se os temores possessivos com todos os problemas deles resultantes. Assim, nesse relacionamento de dependência psicológica, deve haver sempre medo, consciente ou inconsciente, deve haver suspeita, com frequência escondida sob palavras agradáveis. A reacção a esse medo leva sempre a procurar segurança e enriquecimento através de diversos canais, ou a isolar-se em ideias e ideais, ou a procurar substitutos para satisfação.
Embora sejamos dependentes de outro, há ainda o desejo de ser inviolável, de ser pleno. A complexidade do problema do relacionamento está em como amar sem ser dependente, sem atrito ou conflito; está em como vencer o desejo de se isolar, de se afastar da causa do conflito. Se, para a nossa felicidade, dependemos do outro, da sociedade ou do ambiente, eles se tornam essenciais para nós; nos apegamos a eles, e nos opomos a qualquer alteração neles pois deles dependemos para nosso bem-estar e segurança psicológica.
Embora intelectualmente percebamos que a vida é um processo de fluxo contínuo, de mutação com necessidade de transformações constantes, emocional ou sentimentalmente nos apegamos aos valores estabelecidos e confortáveis; daí haver uma constante batalha entre a mudança e o desejo de permanência. É possível pôr um fim a esse conflito?
Não pode existir vida sem relacionamentos, mas nós tornamos isso odioso e angustiante ao basear esses relacionamentos em amor pessoal e possessivo. Pode alguém amar sem, no entanto, possuir?
A resposta verdadeira será encontrada, não na fuga, nos ideais, nas crenças, mas através do compreender as causas da dependência e da possessividade. Se se consegue entender com profundidade esse problema do relacionamento entre nós e o outro, então talvez possamos compreender e resolver o problema do nosso relacionamento com a sociedade, pois a sociedade não é mais do que uma extensão de nós mesmos.
O ambiente que chamamos sociedade foi criado por gerações passadas; nós o aceitamos, na medida em que ele nos ajuda a manter a nossa cobiça, a nossa possessividade, a nossa ilusão.
Nessa ilusão não pode haver unidade ou paz.
A mera unidade económica, conseguida através da compulsão e de um conjunto de leis, não pode pôr fim à guerra. Não poderemos ter uma sociedade pacífica enquanto não entendermos o relacionamento individual. Uma vez que o nosso relacionamento é baseado em amor possessivo, precisamos estar cientes, nós mesmos, da sua origem, das suas causas, da sua acção.
O tornar-se profundamente consciente do processo de possessividade, com a sua violência, os seus temores, as suas reacções, produz uma compreensão que é total, completa.
Essa compreensão, por si só, liberta o pensamento da dependência e da possessividade. É no interior do indivíduo que pode ser encontrada a harmonia do relacionamento, não em algum outro ou no ambiente.
No relacionamento, a causa primeira de atrito é a própria pessoa, o si mesmo que é o centro de anseios aglomerados.
Se ao menos pudermos verificar que, de primordial importância não é o modo de agir do outro, mas sim como cada um de nós age e reage, e, além disso, se pudermos entender com amplitude e profundidade essa acção e reacção, então o relacionamento poderá sofrer uma transformação profunda e radical.
Nesse relacionamento com outro, não há apenas o problema físico, mas também aquele do pensamento e sentimento em todos os níveis, e só se pode estar em harmonia com o outro quando se está integralmente em harmonia consigo mesmo.
No relacionamento, a coisa importante a se ter em mente não é o outro, mas a si mesmo, o que não significa se isolar, mas perceber profundamente em si mesmo a causa do conflito e da dor. Na medida em que dependemos do outro para nosso bem-estar psicológico, intelectual ou emocional, essa dependência criará inevitavelmente o medo do qual se originará a dor.
Para compreender a complexidade do relacionamento é preciso haver paciência interessada e veemência. O relacionamento é um processo de auto-revelação no qual descobrimos as causas ocultas da dor. Esta auto-revelação só é possível no relacionamento.
Estou a dar ênfase ao relacionamento porque, ao compreender com profundidade a sua complexidade, estaremos a criar entendimento, um entendimento que transcende a razão e a emoção.
Se o nosso entendimento se basear apenas na razão, surge o isolamento, o orgulho e a falta de amor, e se basearmos o nosso entendimento meramente na emoção, então ele não terá profundidade; haverá apenas um sentimentalismo que logo evapora, sem nada de amor.
Apenas desse entendimento pode resultar plenitude de acção. Esse entendimento é impessoal e não pode ser destruído. Não se dá mais sob o comando do tempo. Se não pudermos atingir o entendimento a partir dos problemas diários de cobiça e dos nossos relacionamentos, então buscar esse entendimento e amor em outros reinos da consciência é viver em ignorância e ilusão.
Não compreender inteiramente o processo da cobiça, e meramente cultivar a gentileza, a generosidade, significa perpetuar a ignorância e a crueldade.
Não compreender integralmente o relacionamento, e apenas cultivar a compaixão, o perdão, significa cair no auto-isolamento e mergulhar em formas subtis de orgulho. Entender completamente o apego traz compaixão, perdão. As virtudes cultivadas não são virtudes. Essa compreensão requer um estado de consciência constante e alerta, um vigor flexível. O mero controle, com o seu treinamento peculiar, é cheio de perigos, uma vez que é unilateral, incompleto e, portanto, superficial. O interesse traz consigo a sua concentração espontânea, natural, na qual floresce a compreensão. Esse interesse é despertado pelo observar, pelo questionar as acções da existência diária.
Para apreender o complexo problema da vida com os seus conflitos e dores, é preciso atingir a compreensão total. E isso só pode ser feito quando se compreende com profundidade o processo de apego que actualmente se constitui na força central da nossa vida.
Questionador: Quando fala de auto-revelação, o senhor quer se referir ao facto de se revelar a si mesmo ou aos outros?
J. Krishnamurti: Com frequência uma pessoa revela-se para os outros, mas pergunto, o que é mais importante: ver-se a si próprio como se é ou revelar-se para o outro? Tento explicar que, se o permitirmos, todo o relacionamento actua como um espelho no qual se pode perceber tudo o que é desonesto e tudo o que é direito. Ele dá o foco necessário para se poder ver com agudeza, mas, como expliquei, se estivermos ofuscados por opiniões, preconceitos, crenças, não poderemos, não importa quão intenso seja o relacionamento, ver claramente, imparcialmente. Nesse caso, o relacionamento não é um processo de auto-revelação.
A nossa consideração primordial é: O que nos impede de ver verdadeiramente? Não somos capazes de perceber, pois as nossas opiniões a respeito de nós mesmos, dos nossos temores, dos nossos ideais, crenças, esperanças, tradições, tudo isso funciona como véus. Sem entender as causas dessas distorções, tentamos alterar ou nos ater àquilo que é percebido, e isso cria novas resistências e novas dores. O alterar ou aceitar o que foi percebido não deveria ser a nossa principal preocupação, e sim o tomar consciência das diversas causas que nos fazem ter estas distorções. Alguns poderiam alegar não dispor de tempo para se tornar cientes; eles vivem muito ocupados, e assim por diante, mas não é tanto uma questão de tempo, mas de interesse. Além disso, no que quer que eles estejam ocupados, há o início da tomada de consciência. Buscar resultados imediatos significa destruir a possibilidade de um completo entendimento."
Jiddu Krishnamurti
"Sobre relacionamentos"
"I was always attracted not by some quantifiable, external beauty, but by something deep down, something absolute.
Just as some people have a secret love for rainstorms, earthquakes, or blackouts,
I liked that certain undefinable something directed my way by members of the opposite sex.
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