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sábado, 5 de março de 2016

Understanding of `our´ energy...










"The worshipper is the worshipped. To worship another is to worship oneself; the image, the symbol, is a projection of oneself. After all, your idol, your book, your prayer, is the reflection of your background; it is your creation, though it be made by another. You choose according to your gratification; your choice is your prejudice. Your image is your intoxicant, and it is carved out of your own memory; you are worshipping yourself through the image created by your own thought. Your devotion is the love of yourself covered over by the chant of your mind. The picture is yourself, it is the reflection of your mind. Such devotion is a form of self-deception that only leads to sorrow and to isolation, which is death. Is search devotion? To search after something is not to search; to seek truth is not to find it. We escape from ourselves through search, which is illusion; we try in every way to take flight from what we are. In ourselves we are so petty, so essentially nothing, and the worship of something greater than ourselves is as petty and stupid as we are. Identification with the great is still a projection of the small. The more is an extension of the less. The small in search of the large will find only what it is capable of finding. The escapes are many and various but the mind in escape is still fearful, narrow and ignorant.
The understanding of escape is the freedom from what is. The what is can be understood only when the mind is no longer in search of an answer. The search for an answer is an escape from what is. This search is called by various names, one of which is devotion; but to understand what is, the mind must be silent."

Jiddu Krishnamurti
"Devotion And Worship"










Understanding 

of `our´


energy...










Sadly aware I'm part of what I concider nothing
Suffocating us while we pretend we're blind
Before tired eyes, those who cling to nothing
We embrace the echoes of our hollow souls

Values of life have changed currency somehow
Pockets lined with greed and shallow smiles of need
Somewhere we lost sight of who we are
Now more is more, less is nothing

All we need is 'need', a glass full of 'me'
As we toast to madness we find fulfillment in
All this wealth is deafening, deafening our minds
As we all stray further into the great nothing...

(Here's to health, here's to wealth)
Corroded, corrupted... I sell my soul again
(Here's to health, here's to wealth)
Infected, dissected... I sell myself and die

Trapped in my addiction, outside looking in
The sound of silence, colours fade to grey
My remorse is not enough, I have gone too far
I've reached the end of my winding road

Now that I've bared my weakness to you
I beg of you to hear me; never follow me
See how my fragile shell is breaking
I beg of you to see me, see the great King Nothing

(Here's to health, here's to wealth)
Corroded, corrupted... I sell my soul again
(Here's to health, here's to wealth)
Infected, dissected... I sell myself and die

(Here's to health, here's to wealth)
Corroded, corrupted... I sell my soul again
(Here's to health, here's to wealth)
Infected, dissected... I sell myself and die













"Para compreendermos os problemas da estrutura social de que fazemos parte e também para deles nos livrarmos, necessitamos de considerável energia, vigor e vitalidade.

Quanto melhor percebemos quão complexa é a sociedade, tanto mais óbvia se torna a complexidade do indivíduo que nela vive. O indivíduo é parte integrante da sociedade que ele próprio criou, a sua estrutura psicológica é essencialmente a dessa sociedade. Compreender os problemas de cada um de nós é compreender os problemas das relações dentro da sociedade. Pois só temos um único problema: o problema das relações dentro dessa estrutura social, psicológica. Para a compreensão e libertação do problema das relações, necessita-se de abundante energia, não só energia física e intelectual, mas também uma energia não `motivada´ ou dependente de estímulos psicológicos ou de drogas de qualquer espécie. Para se ter essa energia, é necessário compreender primeiramente a maneira como dissipamos energia. Entraremos neste assunto passo a passo, e peço-vos para compreender que o orador é apenas um espelho: está a expressar o que supõe ser o problema de cada um de nós; assim sendo, o ouvinte não fica apenas a ouvir uma série de palavras e ideias, porém, está realmente a escutar e observar a si próprio, não segundo o que o orador ou outra pessoa formula, porém, antes, a observar o seu verdadeiro estado de confusão, de falta de energia, de aflição, de total desespero, etc.

Se se depende de algum estímulo para a obtenção da energia necessária, esse mesmo estímulo embota a mente, torna-a insensível, sem penetração. Uma pessoa pode tomar a droga chamada LSD ou outras, e temporariamente, achar energia suficiente para ver as coisas com muita clareza, mas terá de reverter ao estado anterior e tornar-se cada vez mais dependente dessa droga. Todo o estímulo, quer por parte da igreja, quer da bebida ou droga, quer do orador, criará inevitavelmente uma dependência que impede o indivíduo de ter a energia vital necessária para ver claramente e por si próprio. Toda a espécie de dependência de algum estímulo reduz a agilidade e a vitalidade da mente. 

Por infelicidade, todos nós dependemos de alguma coisa: de uma relação, da leitura de um livro intelectual, ou de certas ideias e ideologias por nós formuladas; ou dependemos da solidão, do isolamento, da rejeição, da resistência. Tudo isso, obviamente, perverte e dissipa a energia.

Temos de perceber de que é que estamos a depender. Cumpre descobrir por que razão dependemos de alguma coisa, psicologicamente; não aludo à dependência tecnológica ou à dependência em que estamos do entregador do leite, etc,... Mas, psicologicamente, porque é que dependemos, o que supõe a dependência? Esta é uma pergunta essencial, quando se quer investigar a dissipação, a deterioração e a perversão da energia, dessa energia de que temos vital necessidade para compreendermos os nossos inúmeros problemas.
De que é que tanto dependemos: de uma pessoa, um livro, uma igreja, um sacerdote, uma ideologia, uma bebida ou droga? Quais são os esteios que sustentam cada um de nós, subtilmente ou de maneira muito óbvia? Porque dependemos, e o descobrimento da causa da dependência liberta a mente dessa dependência? 

Entendeis essa pergunta? Estamos a viajar juntos; não estais à espera de que eu vos mostre as causas da vossa dependência, porém, investigando-as juntos, as descobriremos; será um descobrimento feito por vós e que, como tal, vos dará vitalidade. Descobrimos por nós mesmos que dependemos de alguma coisa, por exemplo, de um auditório, para nos estimular e dele, portanto, necessitamos. Quando se dirige a palavra a um grande grupo de pessoas, pode-se adquirir uma certa espécie de energia e fica-se, portanto, na dependência desses ouvintes, da sua concordância ou discordância, para se obter aquela energia. Quanto maior a discordância, tanto maior se toma a batalha e tanto mais vitalidade se adquire; mas, se o auditório concorda, não se obtém a mesma energia. Dependemos, porquê? E perguntamos a nós mesmos se, descobrindo a causa da nossa dependência, nos libertaremos dessa dependência. Acompanhai-me, por favor, com vagar. Uma pessoa descobre que necessita de ouvintes parque é muito estimulante falar a outras pessoas; porque necessita desse estímulo? Porque, interiormente, essa pessoa é superficial, interiormente nada tem, não há nenhuma fonte de energia, sempre cheia, abundante, vital, em movimento, viva. Interiormente é paupérrima e descobriu que essa é a causa de sua dependência.

Pode o descobrimento da causa nos livrar de continuar dependentes, ou esse descobrimento é meramente intelectual, mero descobrimento de uma fórmula? 

Se se trata de uma investigação intelectual e se foi o intelecto que descobriu a causa da dependência da mente, por meio de racionalização, de análise, pode esse descobrimento libertar a mente da dependência? Não pode, evidentemente. O mero descobrimento intelectual da causa não liberta a mente da sua dependência daquilo que lhe dá estímulo, assim como a mera aceitação intelectual de uma ideia ou a aquiescência emocional a uma ideologia não pode libertá-la.



A mente se liberta da dependência quando vê, no seu todo, essa estrutura de estímulo e dependência e vê que o mero descobrimento intelectual da causa da dependência não liberta a mente da dependência. O ver a inteira estrutura e natureza do estímulo e da dependência e perceber como essa dependência torna a mente estúpida, embotada, inerte, só esse percebimento liberta a mente.

Vemos o quadro inteiro, ou apenas uma parte dele, um detalhe? Essa é uma pergunta muito importante que nos devemos fazer, porque nós vemos as coisas em fragmentos e pensamos em fragmentos; todo o nosso pensar é fragmentário. Temos, pois, de investigar o que significa ver totalmente. Perguntamos se a nossa mente pode ver o todo, apesar de ter sempre funcionado fragmentadamente, como nacionalista, individualista, como colectividade, como católico, alemão, russo, francês, ou como indivíduo aprisionado numa sociedade tecnológica, funcionando numa especialidade, etc., tudo dividido em fragmentos, com o bem oposto ao mal, o ódio ao amor, a ansiedade à liberdade. 

A nossa mente pensa sempre num estado de dualidade, de comparação, de competição, e essa mente, que funciona em fragmentos, não pode ver o todo. Se uma pessoa é hindu e olha o mundo por essa estreita janela, crendo em certos dogmas, rituais, tradições, educada que foi numa certa cultura, etc., evidentemente não pode perceber o todo da humanidade.

Assim, para se ver alguma coisa totalmente, seja uma árvore, seja uma relação ou actividade que temos, a mente deve estar livre de toda a fragmentação, porquanto a origem da fragmentação é precisamente aquele centro de onde estamos a olhar. O fundo, a cultura, na qual o indivíduo é católico, protestante, comunista, socialista, chefe de família, é o centro de onde se está a olhar. 

Assim, enquanto estamos a olhar a vida de um certo ponto de vista, ou de uma dada experiência a que estamos apegados, que constitui o nosso fundo, o nosso EU, não podemos ver a totalidade. A questão, pois, não é de como nos libertarmos da fragmentação. Invariavelmente, uma pessoa perguntaria: `Como posso eu, que funciono em fragmentos, deixar de funcionar em fragmentos?'. Mas, essa é uma pergunta errónea. Percebe essa pessoa que depende psicologicamente de muitas coisas e descobriu intelectualmente, verbalmente e por meio de análise, a causa dessa dependência; esse mesmo descobrimento é fragmentário, por ser um processo intelectual, verbal, analítico; e isso significa que tudo o que o pensamento descobre é inevitavelmente fragmentário. 

Só se pode ver a totalidade de uma coisa quando o pensamento não interfere, porque então não se vê verbalmente nem intelectualmente, porém realmente, como eu vejo o facto que é este `microfone´ (apontando o exemplo), sem agrado nem desagrado; ele existe. Vemos então a realidade, isto é, que somos dependentes e não desejamos libertar-nos dessa dependência ou da sua causa. Observamos, e fazemo-lo sem termos um centro, sem termos nenhuma estrutura de pensamento. Quando há observação dessa espécie, vê-se o quadro inteiro e não um simples fragmento dele; e quando a mente vê o quadro inteiro, há liberdade.




Acabamos de descobrir duas coisas. A primeira, que há dissipação de energia quando há fragmentação. Pelo observar, pelo `escutar´ a estrutura total da dependência, descobriu-se que toda a actividade da mente que trabalha e funciona em fragmentos, como hindu, comunista, católico, ou como analista que analisa, é essencialmente a actividade de uma mente dissipada, de uma mente que desperdiça energia. 
A segunda coisa foi que esse descobrimento dá-nos energia para enfrentar todos os fragmentos que forem surgindo, e consequentemente, observando-os à medida que surgem, eles vão sendo dissolvidos.
Descobriu-se a própria origem da dissipação de energia e que toda a fragmentação, divisão, conflito (pois divisão significa conflito) é desperdício de energia. Todavia, pode-se pensar que não há desperdício de energia no imitar e aceitar a autoridade, no depender do sacerdote, dos rituais, do dogma, do partido, de uma ideologia, porque então a pessoa aceita e segue. Mas o seguir e o aceitar uma ideologia, seja boa, seja má, sagrada ou não sagrada, representa uma actividade fragmentária, e por conseguinte, causa conflito. 

O conflito surgirá, inevitavelmente, porque haverá separação entre o que é e o que deveria ser, e esse conflito é uma dissipação de energia. Pode-se ver a verdade aí contida? Mais uma vez, não se trata de `como libertar-me do conflito?´. Se fazemos a nós mesmos a pergunta `Como posso libertar-me do conflito?´, criamos outro problema, e por conseguinte, aumentamos o conflito. Mas se, ao contrário, vemos `tal como vemos o microfone´ clara e directamente, pode-se então compreender a verdade essencial de uma vida inteiramente sem conflito.

Mas, senhores, digamo-lo de maneira diferente. Estamos sempre a comparar o que somos com o que deveríamos ser. Esse `deveria ser´ é uma projecção do que pensamos deveria ser. Comparamo-nos com o nosso vizinho, com a riqueza que ele tem e nós não temos. Comparamo-nos com os que são mais brilhantes, mais intelectuais, mais afectuosos, mais bondosos, mais famosos, mais isto e mais aquilo. O mais tem um importantíssimo papel nas nossas vidas, e essa medição que em cada um de nós se verifica, a medição de nós mesmos com alguma coisa, é uma das principais causas do conflito. Nela, há competição, comparação com isso e aquilo, e ficamos envolvidos nesse conflito. Ora, porque existe comparação? 



Fazei a vós mesmos essa pergunta. Porque vos comparais com outrem? Naturalmente, um dos ardis da propaganda comercial é fazer-vos crer que não sois o que deveríeis ser, etc. Isso começa desde os mais verdes anos da nossa vida, ser tão arguto como outrem, nos exames, etc. Porque nos comparamos, psicologicamente? 

Verificai-o. Se não comparo, o que sou eu? Eu ficaria embotado, vazio, estúpido, ficaria sendo o que sou. 
Se não me comparo com outrem, fico sendo o que sou. 
Mas, pela comparação, espero evolver, desenvolver-me, tomar-me mais inteligente, mais belo, mais isto e mais aquilo. Isso acontecerá? 
O facto é que eu sou o que sou, e pela comparação, estou a fragmentar esse facto, a realidade, e isso é um desperdício de energia; mas, ao contrário, o não comparar, porém ser o que realmente sou, é ter a extraordinária energia de que necessito para olhar. 

Quando sois capaz de olhar sem comparação, estais fora de toda a comparação, o que não indica uma mente estagnada, contentada; pelo contrário!








Estamos a ver, pois, em essência, como a mente desperdiça energia e como essa energia é necessária para compreendermos a totalidade da vida e não apenas os seus fragmentos. Ela é como um vasto campo todo florido. Se aqui estivestes antes, notastes como, antes de ser ceifado o feno, havia milhares de variegadas flores? Mas, em geral, escolhemos só um dado canto do campo e nesse canto ficamos a olhar uma só flor; não olhamos o campo inteiro. Damos importância a uma só flor, e com o dar importância a essa única flor, rejeitamos o resto. É o que fazemos quando atribuímos importância à imagem que temos de nós mesmos; rejeitamos então todas as outras imagens, e por conseguinte, ficamos em conflito com cada uma delas.

Assim, como dissemos, é necessária a energia, energia sem `motivo´, sem direcção. Para tê-la, devemos ser interiormente pobres, não ser ricos das coisas que a sociedade, que nós formamos. Como, em maioria, somos ricos das coisas da sociedade, não existe pobreza em nós. O que a sociedade formou em nós, o que em nós mesmos formamos, é avidez, inveja, cólera, ódio, ciúme, ansiedade, disso somos riquíssimos. Para compreender tudo isso, precisamos de uma extraordinária vitalidade, tanto física como psicológica. 

A pobreza é uma das coisas mais estranhas da vida; as várias religiões de todo o mundo têm pregado a pobreza, pobreza, castidade, etc. A pobreza do monge que veste um hábito, muda de nome, recolhe-se a uma cela, abre a Bíblia e fica a lê-la interminavelmente; esse homem é reputado pobre. O mesmo se faz, de diferentes maneiras, no Oriente, e isso é considerado pobreza. O voto de castidade, o possuir só uma tanga, só uma túnica, só tomar uma refeição por dia, todos nós respeitamos essa espécie de pobreza. Mas, aqueles que tomaram o manto da pobreza continuam ricos das coisas da sociedade, interiormente, psicologicamente, uma vez que estão ainda em busca de posição, de prestígio; pertencem à categoria do `religioso´, e esse tipo é uma das divisões da cultura social. Isso não é pobreza; pobreza é estar-se completamente livre da sociedade, embora se possuam algumas roupas e se tomem algumas refeições diárias. Torna-se a pobreza uma coisa maravilhosa e bela, quando a mente está livre da estrutura psicológica da sociedade, porque então já não há conflito, não há buscar, indagar, desejar, não há nada. Só essa `pobreza´ interior pode ver a verdade existente numa vida inteiramente livre de conflito. Essa vida é uma bênção que não se encontra em nenhuma igreja ou templo.





INTERROGANTE: Não é um paradoxo dizerdes que o pensamento sempre funciona em fragmentos e que, para se perceber que o pensamento funciona em fragmentos, necessita-se de energia? Isso não é um círculo vicioso?

JIDDU KRISHNAMURTI: 
Necessito de energia para olhar, mas esse olhar se torna fragmentário e, por conseguinte, dissipa energia; assim sendo, que se deve fazer? Vede, senhor, eu necessito de energia física, necessito de energia intelectual, necessito de energia emocional, apaixonada, para compreender qualquer coisa, uma energia inquebrável. Mas sei que estou a dissipar essa energia na fragmentação; a todas as horas o estou a fazer. Digo então: `O que devo fazer? Tenho necessidade dessa energia para resolver imediatamente os problemas da vida; no entanto, estou a dissipá-la continuamente, não tomando alimentos adequados, pensando nisso e naquilo, com o meu hinduísmo, os meus preconceitos, as minhas ambições, inveja, avidez, etc. Ora, posso fazer alguma coisa em tal estado?´. 

Escutai primeiramente essa pergunta, muito atentamente, não a rejeiteis nem aceiteis. Dissipo energia e tenho necessidade de energia; quer dizer, estou num estado de contradição e essa mesma contradição é outro desperdício de energia. Percebo, pois, que tudo o que faço em tal estado é desperdício de energia. A mente que está confusa, por mais que se esforce, em qualquer nível, continuará confusa. Não se pense que, vivendo-se de acordo com `um momento de clareza´, a confusão se dissipará. Se o tento, gera-se novo conflito e, por conseguinte, fomenta-se a confusão.

Percebo que toda a acção nascida da confusão produz ou leva a mais confusão; compreendi que toda a acção da mente confusa só conduz a maior confusão. Vejo isso muito claramente, vejo-o como uma coisa extremamente perigosa, como quando se percebe um grande perigo; vejo-o com a mesma clareza. O que sucede então? Não actuo mais nessas condições de confusão. Essa inacção total é acção completa.

Consideremos a questão de maneira diferente. Percebo que a guerra, em qualquer forma, matar o próximo de um avião a grande altura ou com um fusil a pequena distância; ou uma batalha entre a minha mulher e eu, uma batalha comercial, um conflito interior, em mim, é sempre guerra. Posso não matar realmente um vietnamita ou americano, mas, enquanto a minha vida for um campo de batalha, estarei a contribuir para a guerra. Vejo esse facto. Vejo-o, primeiro, como a maioria de nós foi exercitada para vê-lo: intelectualmente, isto é, fragmentadamente. E vejo que, se empreendo qualquer acção nesse estado fragmentário, tal acção só contribuirá para fomentar a guerra, o conflito. 

Tenho, pois, de descobrir um estado em que não haja conflito de espécie alguma, um estado mental, inacessível ao conflito. Devo, antes de tudo mais, descobrir se tal estado existe, pois pode ser que se trate de um estado puramente teórico, ideológico, imaginário e, portanto, sem valor. Mas, eu tenho de descobri-lo, e para o descobrir não devo aceitar a ideia de que tal estado existe. Ora, existe esse estado? Só posso verificá-lo se compreendo a natureza do conflito, totalmente, o conflito que é a dualidade, `o bom´ e o `mau´ (o que não significa que não haja bom e mau), e o conflito entre o amor e o ciúme. Devo olhá-lo sem julgar, sem comparar, olhar simplesmente. 






Começo a aprender a olhar, e não a actuar. Aprendo a olhar esse complexo campo da vida, sem aceitar nem rejeitar, comparar, condenar, justificar; a olhar assim como olho uma árvore. Só posso olhar realmente uma árvore, quando não há observador, isto é, quando não se toma existente o processo fragmentário do pensamento. Olho, pois, esse vasto campo de batalha da vida, o qual suponho constituir a maneira natural de viver, esse campo onde tenho de lutar contra o meu próximo, contra a minha mulher; onde tenho de lutar, quer dizer, comparar, julgar, condenar, ameaçar, odiar. Olho para essa situação que aceitei, para essa vida que sou eu, e posso então olhar para mim mesmo, assim como sou, sem nenhuma comparação, condenação, julgamento? 
Se posso, já estou fora da sociedade, porque a sociedade pensa sempre segundo as noções de grande e pequeno, poderoso e fraco, belo e feio, etc. De um golpe, compreendi todo o processo da fragmentação e, por conseguinte, não pertenço a nenhuma igreja, nenhum grupo, nenhuma religião, nenhuma nacionalidade, nenhum partido."


Jiddu Krishnamurti
"Como viver neste mundo"

















"Thousands of theories, grotesque, extraordinary, profound, on the world, on man, on all problems that pertain to metaphysics have passed through my mind. I have had in me thousands of philosophies not any two of which — as if they were real — agreed. All the ideas I had if written down had been a great cheque on posterity; but by the very peculiar character of my mind, no sooner did the theory, the idea struck me that it disappeared, and after I ached to feel that one moment after I remembered nothing — absolutely nothing of what it might have been. Thus memory, as all my other faculties predisposed me to live in a dream."


Fernando Pessoa























t.






















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