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sábado, 19 de março de 2016

Living spontaneously and intelligently...









Living spontaneously
and intelligently...







"Life is an experimental journey undertaken involuntarily. 
It is a journey of the spirit through the material world and, since it is the spirit that travels, it is the spirit that is experienced. 
That is why there exist contemplative souls who have lived more intensely, more widely, more tumultuously than others who have lived their lives purely externally."


Fernando Pessoa
"The book of disquiet"








"Some people, I see, laugh easily at this question, but I am afraid they too are involved in this process of reward and punishment. They may not belong to any religious society, but they perhaps seek their rewards from governments, from their neighbors, or from the immediate circle of their friends and relatives. Thus, through their craving, subtly or unconsciously, they are engendering fear and illusions which create an easy path to exploitation."










"To live simply is the greatest of arts. It is most difficult, as it demands deep intelligence and not the superficial comprehension of life. To live intelligently and simply, one must be free of all those restrictions, resistances, limitations, which each individual has developed for his own self-protection and which have hindered his true relationship with society. 

Because he is enclosed within these restrictions, these walls of ignorance, for him there can be no true simplicity. To bring about a life of intelligence, and so of simplicity, there must be the tearing down of those resistances and limitations. 

The process of dissolution implies great thought, activity, and effort. A man who is prejudiced, nationalistic, bound by the authority of traditions and concepts, and in whose heart there is fear, surely cannot live simply. A man who is ambitious, narrow, worshiping success, cannot live intelligently. In such a person there is no possibility of deep spontaneity. Spontaneity is not mere superficial reaction; it is deep fulfillment, which is intelligent simplicity of action.

Now, most of us have walls of self-protective resistance against the movement of life; of some we are conscious, of others we are not. We think that we can live simply by merely avoiding or neglecting the undiscovered ones, or we think that we can live fully by training our minds to certain standards of life. It is not simplicity to live by oneself, apart from society, or to possess little, or to adjust oneself to particular principles. This is merely an escape from life. 

True simplicity of intelligence, that is, the deep adjustment to the movement of life, comes only when, through comprehensive awareness and right effort, we begin to wear down the many layers of self-protective resistance. Then only is there a possibility of living spontaneously and intelligently."
















Living spontaneously
and intelligently...






























"J. Krishnamurti: No outro dia discutíamos o que Brockwood Park está a tentar fazer. Dizíamos que ele veio a existir com o fim de produzir inteligência, se isso for possível. A palavra `inteligência´ denota a faculdade de compreender, compreender não apenas uns aos outros, mas também o que significa cooperação, o que significam liberdade, disciplina e ordem. Dissemos que inteligência implica liberdade. Essa liberdade não é vossa nem minha, mas liberdade. Sejamos muito claros neste ponto. Interrompei-me, por favor, se não compreenderdes. Não fiqueis em silêncio para dizer depois: `Discordo de vós´. Estamos a tentar descobrir juntos.

Como somos uma pequena comunidade, o que quer dizer viver juntos inteligentemente? Está claro que a primeira coisa é que deve haver liberdade entre vós e mim e os outros. Liberdade não se traduz por fazer o que se quer porque, se cada um de nós fizesse o que bem entendesse, haveria caos aqui. Ou uns poucos formariam um grupo, pensando ser o que se deseja fazer em liberdade, em oposição a outro grupo. Isso tampouco é liberdade.

Podereis dizer, `creio que liberdade é fazer o que quero, porque em casa faço o que quero, não há ninguém para me dizer: não façais isso; e se houvesse, eu me revoltaria, zangaria, e iria embora´. Fazer o que queremos é realmente impossível. Porque o que queremos pode ser temporário, um desejo passageiro, e se todos fizéssemos o que queremos sem pensar nos outros, não poderíamos conviver. Portanto, inteligência supõe liberdade para descobrir como conviver. Vós não abusais de mim e eu não abuso de vós. Vede as responsabilidades. E liberdade supõe compreendermos juntos as implicações da autoridade. Se eu ficar acordado até tarde e vós me disserdes que é hora de ir para a cama, não vos chamarei de autoritário: não seria inteligente da minha parte. Porque já discutimos a questão de ir para a cama a certa hora, e entramos num acordo. O nosso relacionamento, portanto, não é autoritário, não é importuno, mas faz-se através da inteligência. Discutimos a hora de ir para a cama e é a inteligência que nos fala, não a autoridade. Se eu reagir à vossa advertência de maneira amistosa ou aborrecida, quer me faleis com rudeza, quer me faleis com polidez, a culpa será da minha falta de inteligência. Não sei se o entendeis.


Interrogante: Há também falta de inteligência na pessoa que me fala abruptamente.

J. Krishnamurti:
Está visto que nenhum de nós é completamente inteligente. Estamos a aprender, aprender a natureza, a qualidade da inteligência. Zango-me, digo coisas, e me dou conta de que estou a ser tolo, o que é parte da inteligência. Da próxima vez tomarei cuidado, estarei vigilante. Como estais a ver, a cooperação é uma compreensão da inteligência.


Interrogante: Fico a imaginar quem está a ver, quem está a observar?

J. Krishnamurti: Vós mesmos. Zango-me convosco, digo: `Fazei-me o favor de ir para a cama às onze horas, eu já vos disse isso dez vezes´. Fico irritado e digo a mim mesmo: `Foi tolice minha irritar-me com uma pessoa que não tem a inteligência necessária para ver, e depois de discutir o assunto, continua a deitar-se tarde´. Vejo que me zanguei. Qual é a dificuldade?

Interrogante: Estou a pensar se será possível olhar sem o condicionamento, o observador ainda está no condicionamento.

J. Krishnamurti: Não, não entreis no complexo problema do observador. Chegaremos a ele depois; não estou a deixar de dar atenção ao que dizeis, mas falamos agora da qualidade da inteligência que coopera.


Interrogante: Se alguém disser que sois autoritário, isso, por certo, será uma reacção; mas é também uma reacção ficar com raiva. Por conseguinte, por que não dizer: `Não vos encolerizeis?´.

J. Krishnamurti: Naturalmente. Estamos a viver juntos, estamos a tentar ver, ajudar-nos uns aos outros, aprender uns com os outros. Se recusardes a aprender por vos julgardes superior, o que haveremos de fazer? As pessoas mais jovens cuidam saber tudo; que fareis se disserem: `Discordo de vós´, e sustentarem essa declaração?

Interrogante: Examinaremos o assunto.

J. Krishnamurti: E se elas se recusarem a examiná-lo?

Interrogante: É o que estamos a fazer agora, cavar os alicerces para isso.

J. Krishnamurti: Certo, estamos a tentar cavar os alicerces para podermos viver juntos com inteligência. Não, vós viveis inteligentemente e me contais como é; ou eu vos contarei, mas juntos. É a nossa responsabilidade conjunta ser inteligentes. Ora, o que significa ser inteligente? De acordo com o dicionário, significa compreender, ter a faculdade de compreensão.

Interrogante: Literalmente significa escolher entre cursos diferentes.

J. Krishnamurti: Sim, precisais ter a faculdade de escolher e essa faculdade precisa ser inteligente. Se eu escolher por preconceito, não escolherei com inteligência. Por conseguinte, se estamos a cavar os alicerces de um ambiente em que o nosso interesse principal é conviver inteligentemente, isso exige não somente liberdade, mas também percepção auto-crítica. Preciso estar consciente do que estou a fazer, da razão por que o estou a fazer, e da consequência da minha acção; e não ser obstinado e dizer: `Está certo! É isso mesmo o que penso! Sustentarei essa tese´. A partir desse momento deixareis de aprender, já não teremos nenhum relacionamento.

Entendei-lo? Não concordeis comigo a não ser que realmente o vejais. O meu problema é o seguinte: queremos viver aqui de modo feliz, livre e inteligente, o que não podemos fazer no mundo, que é brutal e desatencioso. Queremos criar uma atmosfera, um ambiente, construir uma fundação onde vivamos juntos, feliz e inteligentemente, em cooperação. Estou a explicar o que significa viver juntos com inteligência. Averiguai, não fiqueis em silêncio, para depois seguir o vosso próprio caminho. Discuti comigo, de modo que ambos aprendamos o que é ser inteligente e viver juntos em cooperação. A inteligência implica a faculdade de entender a liberdade, e todos queremos ser livres. Repulsamos o controle de qualquer tirania, seja da família, seja de outra pessoa. E estamos a tentar descobrir como conviver com liberdade. Posso ficar sozinho no meu isolamento, no meu quarto, alheado de todos; pode ser a isso que chamo de minha liberdade, mas não posso viver assim. Seres humanos relacionados uns com os outros, precisamos compreender o que significa conviver com liberdade. E isso requer inteligência.

Pois bem, como o faremos? Vós podeis ter uma ideia de liberdade e eu, outra. Por isso digo a mim mesmo: `Não sei o que ela significa, vou descobrir´. Estais a ver a diferença? Se começardes a dizer: `Sei o que significa liberdade´; estará tudo acabado, compreendei-lo?; não sereis suficientemente inteligente para aprendê-la.


Interrogante: Estareis a viver na vossa própria tirania.

J. Krishnamurti: É claro que estarei em dificuldades, o que não é nada interessante. Por isso mesmo, ambos precisamos compreender o que significa estar livre. Quereis aprendê-lo? Ou dizeis: `Não preciso que me ensinem, sei tudo a respeito´. Quando afirmais uma coisa dessas já deixais de ser inteligente, porque não estais a aprender, estais fixos na vossa ideia do que cuidais ser a liberdade. Quero saber o que significa conviver com liberdade; portanto, a primeira coisa é não dizer a mim mesmo: `Sei o que significa´. Quereis saber o que significa a liberdade? Pois é também o que queremos fazer em Brockwood.

Vou mostrar-vos por quê. Em liberdade podeis descobrir novas coisas. No mundo da ciência é preciso haver liberdade para se descobrirem novas coisas. Em relações humanas, aqui, estamos a descobrir, ou a aprender, coisas novas a respeito de nós mesmos. Se eu me apegar à minha opinião, não aprenderei. Por isso preciso ser muito cuidadoso, preciso estar consciente das minhas opiniões ou juízos fixos; pois isso é o que o mundo está a fazer e isso não é aprender. Os homens têm ideias, opiniões, conclusões fixas, das quais não arredam pé. E os jovens se revoltam contra essas coisas; no entanto, os jovens também têm as suas opiniões, preconceitos, conclusões fixas, de tal sorte como os antigos.



Interrogante: O que fazeis, então, quando as pessoas têm opiniões fixas?

J. Krishnamurti: As pessoas que se aferram a opiniões, juízos, conclusões, são incapazes de conviver livremente, com inteligência. Tendes opiniões, juízos, conclusões, uma tradição? 
Eu também tenho, mas vou aprender. Estais a ver a diferença? Afinal de contas, este é um lugar em que estamos a ser educados, não só em geografia, história, matemática, etc., mas também nos educamos, com a ajuda uns dos outros, para sair daqui altamente inteligentes. Podereis não sair, podereis tornar-vos professores, e ficar, isso dependerá de vós.

Este é um centro educacional; um centro educacional supõe o cultivo da inteligência, que é a subtileza da compreensão, a faculdade de escolher. Para escolher o caminho certo cumpre que a mente esteja livre de toda a forma de preconceito, toda a forma de conclusão. Quereis um lugar como este onde possais ser educados livremente, felizmente, com inteligência? Isto é, em regime de cooperação? Não cooperarei convosco se eu der ênfase às minhas peculiaridades. Compreendeis? Se eu der importância ao comprimento dos cabelos e fizer disso o símbolo da revolta. Acompanhemos-lhe as consequências. Os cabelos compridos estão na moda. O comprimento dos cabelos é um símbolo de revolta, um símbolo da liberdade de fazer o que se quer, porque a geração mais velha usa os cabelos curtos; é um símbolo de agressão auto-afirmativa, um símbolo de beleza. Tudo isso está implicado neles, não está? Um símbolo de revolta contra a guerra, de revolta contra a ordem estabelecida. Usais os cabelos compridos por ser bonito?



Interrogante: É como uma armadilha. Há duas coisas: o cabelo curto é o Estabelecimento, o cabelo comprido é o Anti-estabelecimento.

J. Krishnamurti: Não digo: `O cabelo comprido está certo´, nem `O cabelo curto está certo´, Apenas a perguntar: usais os cabelos compridos porque são bonitos?

Interrogante: Digamos que eles me fazem sentir mais à vontade.

J. Krishnamurti: Abordemos o assunto com cuidado. Eles vos fazem sentir à vontade. Digamos que vos sentais ao meu lado, sem haver tomado banho, sujo, fedido, e eu diga que não quero sentar-me ao pé de vós. Se isso vos deixa à vontade, também deveria deixar-me à vontade, a mim, que estou sentado à mesa ao vosso lado.


Interrogante: Certo. 

J. Krishnamurti: Os cabelos compridos são muito bonitos quando bem tratados, e não caídos sobre o rosto, é por essa razão que os tratais bem?


Interrogante: Não sei se o faço especificamente por essa razão, para os ter bonitos e brilhantes.

J. Krishnamurti: Então por que os conservais compridos?


Interrogante: Porque me sinto bem com eles ao vento e me sinto bem com eles dentro d’água.

J. Krishnamurti: Mas não estais sempre ao vento. Tendes de sentar-vos perto de mim. Não viveis sozinho no mundo. Estamos a aprender a viver juntos com inteligência, com liberdade.


Interrogante: Sim, mas posso ver se há bichinhos a sair dos cabelos, se estes nunca foram penteados, posso ver por que reagis se estiverdes sentado ao pé de cabelos assim.

J. Krishnamurti: Esperai, eu vos disse que prestásseis atenção; enquanto os cabelos estiverem asseados, tiverem um aspecto bonito e não cheirarem mal, que terão de errado? No Ceilão, onde usam os cabelos compridos, os homens colocam neles pentes circulares para mantê-los arrumados, e isso lhes dá uma bonita aparência. Andareis também com um pente nos cabelos? (Risos.) Que tem isso? Estais a ver, tendes preconceitos, e é justamente esse o ponto a que quero chegar.

Interrogante: Não se trata de preconceito. Não terei nada contra vós se começardes a andar por aí com um pente nos cabelos.

J. Krishnamurti: Como tenho de viver convosco, se fordes fedidos, se andardes desarrumados, farei objecções a isso.


Interrogante: Certo. Mas a palavra `arrumado´ gera em mim uma pequena confusão.

J. Krishnamurti: Portanto, se achardes que os cabelos compridos estão certos, usai-os. Mas andai limpos. Ou os usais assim como símbolo da vossa revolta contra o Estabelecimento? E porque trago os cabelos curtos, significará isso, porventura, que aceito o Estabelecimento? Vede o perigo. Por que, então, usais os cabelos compridos? Não me respondestes. Usai-los assim porque toda a gente os usa?; isso é imitação, conformidade, falta de inteligência. Sabei o que estais a fazer. Isso fará parte da inteligência? Se me disserdes: `Vede, estou a deixar crescer os cabelos porque gosto deles compridos, porque são bonitos, são limpos´; aceitarei incontinenti o que dizeis. Mas se os usardes como símbolo, quero saber que símbolo é esse, porque tenho de viver convosco. O vosso símbolo pode significar morte para mim! Quero descobrir.
Interrogante: Mas não há também afinidade com a vossa geração?

J. Krishnamurti: Mas sabei por que o estais a fazer. Afinidade com a vossa geração, é isso?

Interrogante: Amizade, o estar relacionado com. . .

J. Krishnamurti: Se vos sentis relacionados com os jovens de cabelos compridos e não com os de cabelos curtos, não vedes o que estais a fazer? Isso quer dizer que estais a criar divisão, como a geração mais velha criou, e que lhe estais, portanto, a seguir as pegadas. Estais a criar tanta destruição quanto ela criou. Nesse caso, usar o símbolo da paz nas vossas camisas nada significa. O que estou a dizer é que, se vamos conviver com inteligência e liberdade, ambos precisamos saber o que estamos a fazer e por que o fazemos. Não adianta encobri-lo com uma porção de palavras, porque isso não é inteligência. Por que servimos aqui comida vegetariana? Não fazeis essa pergunta? Falastes na palavra `arrumado´. Sabeis o que significa ser ordeiro, não sabeis? 

Interrogante: Se não soubesse, eu não estaria aqui.

J. Krishnamurti: Teremos de falar nela. Pensar de maneira ordenada, pensar com clareza, agir com clareza. Não pensar uma coisa e fazer outra; mas pensar muito clara, objectiva, sadiamente, é ser ordeiro, não é? Vou trazer para cá a palavra `arrumado´. Vestir-se com cuidado é ser ordeiro, não é?

Interrogante: Não estou certo.

J. Krishnamurti: De que não estais certo? Entrais na sala de jantar com os pés no chão, sujos, e eu estou sentado ao vosso lado. Não gosto disso porque não é asseado, e gosto de asseio. E vós me dizeis que se trata de um preconceito meu. Será? Todo o animal gosta de andar limpo.

Interrogante: Todo animal anda descalço também.

J. Krishnamurti: Mas com os pés limpos. Está sempre entretido em limpá-los, já o vistes lamber-se. Vinde com os pés limpos!; o que significa: manter o chão limpo."




Jiddu Krishnamurti
"O começo da aprendizagem"
































































"I am sure it is everyone’s experience, as it has been mine, that any discovery we make about ourselves or the meaning of life is never, like a scientific discovery, a coming upon something entirely new and unsuspected; it is rather, the coming to conscious recognition of something, which we really knew all the time but, because we were unwilling to formulate it correctly, we did not hitherto know we knew."

W. H. Auden
"Markings"




























t.



































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