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terça-feira, 29 de março de 2016

The question of learning...











"You live like this, sheltered, in a delicate world, and you believe you are living. Then you read a book... or you take a trip... and you discover that you are not living, that you are hibernating. 

The symptoms of hibernating are easily detectable: first, restlessness. The second symptom (when hibernating becomes dangerous and might degenerate into death): absence of pleasure.

 That is all. It appears like an innocuous illness. Monotony, boredom, death. Millions live like this (or die like this) without knowing it. They work in offices. They drive a car. They picnic with their families. They raise children. And then some shock treatment takes place, a person, a book, a song, and it awakens them and saves them from death. 
Some never awaken."


Anais Nin
'The diary of Anaïs Nin"



Tomasz-Alen-Kopera



The question


of learning...



Tomasz-Alen-Kopera















The word 'learning' has great significance. There are two kinds of learning. 
For most of us learning means the accumulation of knowledge, of experience, of technology, of a skill, of a language. 

There is also psychological learning, learning through experience, either the immediate experiences of life, which leave a certain residue, of tradition, of the race, of society. 

There are these two kinds of learning how to meet life: psychological and physiological; outward skill and inward skill. There is really no line of demarcation between the two; they overlap. We are not considering for the moment the skill that we learn through practice, the technological knowledge that we acquire through study. 

What we are concerned about is the psychological learning that we have acquired through the centuries or inherited as tradition, as knowledge, as experience. 

This we call learning, but I question whether it is learning at all. I am not talking about learning a skill, a language, a technique, but I am asking whether the mind ever learns psychologically. 

It has learned, and with what it has learned it meets the challenge of life. It is always translating life or the new challenge according to what it has learned. 

That is what we are doing. Is that learning? 

Doesn't learning imply something new, something that I don't know and am learning? 
If I am merely adding to what I already know, it is no longer learning."





Jiddu Krishnamurti 
“The book of life”



Tomasz-Alen-Kopera








The question
of learning...




  


Tomasz-Alen-Kopera



"Como antes dissemos, a nossa vida é toda de conflito. Tudo o que fazemos, ou se torna rotina, acção mecânica, ou um prazer repetido, uma resistência, uma repressão ou sublimação, como se costuma dizer. Todo o nosso agir baseia-se nisso, e por essa razão, está sempre a gerar e a sustentar o conflito. E nós aceitamos o conflito, esse atrito, na vida, nas relações, no movimento da existência, e dizemos: 
`O conflito é inevitável e, portanto, tiremos dele o melhor proveito´. 

Mas, se não aceitardes o conflito, se o rejeitardes, em todas as relações e em todos os níveis, estareis então em condições de aprender acerca do conflito; quando não dizeis que o conflito é inevitável ou evitável, só então tendes possibilidade de aprender. 
Não podeis aprender a respeito do conflito, se o estais a julgar à luz da vossa experiência, do vosso saber, dos vossos conhecimentos. 

Por isso, a mente que está a aprender nunca está num estado de experiência. No momento em que a pessoa experimenta, já está no estado de avaliação. 
Por conseguinte, a mente que está a aprender, não tem experiência, porque está em movimento, activa, arrojando-se, penetrando. 

Assim, a mente que a cada minuto está a aprender activamente, aprender não só a respeito de si própria, mas a respeito de tudo na vida, como a criança que observa, pergunta, indaga, sempre insatisfeita. 
Esse aprender exige extraordinária energia. E não tem energia a mente que está abarrotada de conhecimentos e a exigir mais experiência.

Ora, o aprender exige disciplina, não aquela disciplina de repressão, controle, conformismo, brutalidade. A aceitação de um ideal por padrão, e o esforço que fazeis para a ele vos ajustardes, o forçardes a vossa mente, o vosso ser, o vosso corpo, tudo, a ajustar-se, é isso o que em geral se chama `disciplina´. 

Essa é a disciplina semelhante à do soldado, submetido à instrução noite e dia, tão duramente exercitado que, no fim, se torna uma entidade mecânica, de espinha erecta, e sem cabeça. 
Por favor, não riais! 

A maioria de nós é assim, mas acontece que não o sabemos. 

A sociedade, o ambiente, a educação, a nossa quotidiana existência, nos forçam a ajustar-nos a um padrão religioso, social ou económico. Essa disciplina de ajustamento é a disciplina que neste aspecto é a mais destrutiva. 

A palavra `disciplina´, a raiz desta palavra, significa aprender, não ajustar-se, não reprimir, não violentar a si próprio, mas aprender! 

E o aprender exige espantosa disciplina, não a disciplina da aceitação, nem a disciplina imposta pela autoridade. Por conseguinte, a mente que está a aprender não só deve estar, o mais possível, consciente das influências ambientes, senão também deve abster-se de se ajustar, de resistir, estar consciente das suas próprias tendências, das suas próprias qualidades, das suas próprias experiências, nunca se deixando apanhar na armadilha de nenhuma delas. Isso exige atenção.

Um estudante, durante a aula, deseja olhar pela janela. Um passarinho passa a voar, uma bela flor se ostenta na árvore, uma pessoa passa por perto. A sua atenção se distrai do livro e o professor manda-lhe `olhar o livro´, a concentrar-se no livro. Assim é a maior parte da nossa vida. Queremos olhar, mas a sociedade, as exigências económicas, as doutrinas religiosas forçam-nos ao ajustamento; e por essa razão, perdemos toda a espontaneidade, todo a frescura. 

De modo que a disciplina do aprender é coisa completamente diferente da disciplina do adquirir conhecimento. 

Necessita-se de determinada disciplina quando se está a adquirir um certo conhecimento técnico ou de outra natureza. Tem-se de prestar atenção, de aplicar o espírito a uma dada coisa, uma dada especialidade; e isso exige uma certa disciplina de ajustamento, de repressão, e tudo o mais que está a acontecer no mundo, em virtude da disciplina. Mas, a disciplina a que nos referimos nenhuma relação tem com a disciplina do ajustamento a um padrão. Tratai, por favor, de compreender isso, porque vamos examinar uma questão verdadeiramente fundamental; e se isto não for compreendido, não estareis aptos a compreender aquilo de que vamos falar daqui a momentos.

Estamos, pois, aprender que esse aprender nunca é ajustamento a nenhum padrão; como poderia sê-lo? 

Quer se trate de padrão estabelecido por Buda, por Cristo, por Sankara, quer do padrão do vosso guru favorito, o aprender nenhuma relação tem com ele. Porque no ajustamento cessa todo o aprender, e por conseguinte, nunca há originalidade. 

E nós estamos a descobrir por meio do aprender, com originalidade. Não sei se percebeis a beleza disso de que estamos a falar. Observar, olhar, ver, escutar, tudo isso faz parte do aprender. Se não sabeis escutar, não sois capaz de aprender. Se não sabeis ver uma flor, não sois capaz de aprender nada da beleza dessa flor. Escutar, ver, aprender, implica, em si, uma disciplina que não é ajustamento. 

Se isso está agora bem claro, passaremos a examinar uma coisa que exige esse acto de aprender; vamos aprender a respeito de nós mesmos.


Ides aprender a respeito de vós mesmos. Não podeis aprender a respeito de vós mesmos, se afirmais que sois Deus. Não podeis aprender a respeito de vós mesmos, se dizeis que sois o Atman superior, ou se dizeis que sois o mero resultado do ambiente. Estais a seguir o que estou a dizer? Se dizeis que sois apenas o resultado do ambiente, como tantos o dizem, os comunistas, etc., cessastes então de aprender; se dizeis que em vós reside o Atman, o Eu Superior, estais meramente a repetir o que vos foi dito, uma teoria muito confortante; portanto, cessastes de aprender; e se dizeis: `Eu sou isto, sou algo´; nesse caso também cessastes de aprender. 

Para descobrirdes o que há em vós, deveis aprender a respeito de vós mesmos; por conseguinte, necessitais da mais alta liberdade, inteligência e percebimento crítico. 

Sem essas coisas, nenhuma possibilidade tendes de ver o que há em vós mesmos ou de vos compreender. E se não compreenderdes a vós mesmos, nenhuma base tendes para a estrutura da vossa existência. 
Podeis ter ideias e mais ideias, conflitos, dores, prazeres, etc.; mas, falta a base.

Deveis conhecer a vós mesmos, e não segundo Sankara, Buda, Cristo, Freud, Jung ou quem quer que seja, inclusive este orador. 

Deveis conhecer-vos e, por conseguinte, aprender a respeito de vós mesmos. Para aprenderdes a respeito de vós mesmos, devem cessar todos os conhecimentos que já tendes de vós mesmos; e isso é muito difícil. Porque, quando dizeis: `Sou feio´;  essa própria palavra `feio´ encerra um certo conteúdo de tradição; por conseguinte, estais a julgar; logo, não estais a aprender. 

Espero que estejais a perceber isto; é uma coisa muito simples. Uma vez o percebais, sereis então capaz do vôo do aprender; não há então fim nem limite; e esse aprender está fora do tempo. A mente que está continuamente em movimento, do desconhecido para o desconhecido, a aprender, aprender, aprender, essa é a mente sensível por excelência e, por conseguinte, uma mente livre.


Vamos, pois, aprender a respeito de nós mesmos.


E, como disse, para aprender não deve haver avaliação, é claro. Quando avaliais, julgais com base no que já adquiristes, na forma de conhecimento; e quando vêdes a vós mesmos, ou condenais, ou aprovais, ou rejeitais o que vêdes e, por conseguinte, não estais a aprender a respeito de vós mesmos. Ora, se estais a aprender a respeito de vós mesmos, estais a aprender a respeito do corpo, dos nervos, das reacções nervosas, das lembranças, das esperanças, dos temores, dos desesperos, das agonias, da cólera, do desejo, das exigências sexuais, da esperança de encontrar o Eterno, etc. Vós sois tudo isso; e tudo isso são ideias. Não são?

 Tendes ideias sobre a vossa pessoa, de que sois um homem bom, uma personalidade importante na cidade, um cristão, um hindu, isto ou aquilo. Tendes ideias; e tais ideias são o resultado das influências ambientes, do vosso conhecimento. Por conseguinte, quando predominam as ideias acerca da vossa pessoa, cessastes de aprender a respeito de vós mesmos. 

Notai, por favor, que isto é muito importante e muito simples. Uma vez o tenhais aprendido, estais vivo; então, a tradição, os Sankaras, tudo isso pode ser jogado para o lado; e vos tornais um ente humano, livre para descobrir, livre para investigar, para aprender. 

Assim, pois, é absolutamente essencial o aprender a respeito de si mesmo; de contrário, cria-se uma ilusão, e nessa ilusão se fica a viver.

Aprender a respeito de si próprio é a primeira acção inteligente do ser humano; mas não significa que o indivíduo aprende a respeito de si próprio a fim de `salvar-se´. Sois o resultado de dois milhões de anos de existência do homem, com todas as suas experiências, as suas calamidades, os seus desesperos, e a sua confusão; vós sois tudo isso. 

E, se desejais promover uma completa revolução em vós mesmos, deveis conhecer-vos, e`conhecer-vos´é aprender a respeito de vós mesmos, compreender-vos. 

Qualquer tolo pode dizer:`Conheço-me a mim mesmo´; mas, aprender a respeito de vós mesmos é extremamente difícil, porque vos deveis olhar, sem nenhuma escolha, nenhuma tendência, nenhuma crítica, nenhuma condenação; deveis, simplesmente, olhar. 

Não sei se já alguma vez olhastes uma flor, se a olhastes simplesmente, sem ideia e sem pensamento. Só dessa maneira olhastes uma árvore, uma flor, um ente humano, tereis visto que nisso, nesse olhar, não predomina a ideia, e por conseguinte, há comunhão entre vós e a flor. Mas isso não significa que vos tornais a flor, ou que vos identificais com ela, ou com a árvore, ou a família dessa flor. Mas, quando olhais uma flor sem a palavra, se é que já a olhastes dessa maneira, que exige atenção, deveis ver que desaparece o espaço entre vós e a flor. Não sois aquela flor; só a flor existe, e não vós, que a estais olhar.

Por favor, procurai compreender esta coisa tão simples, pois ainda vamos tratar dela, e se não compreenderdes bem tudo isso, não podereis entrar nessa questão vigorosamente, dinamicamente, criadoramente. 

Pois nunca olhamos uma flor verdadeiramente. Dizemos que é uma rosa, e chamando-a `rosa´, já não a estamos a olhar. Para olhar a flor, não deve haver verbalização; trata-se, simplesmente, de olhá-la. Olhar uma nuvem, à tarde, sem uma palavra. Há um vasto espaço entre vós e a nuvem, espaço ilimitado. 
Aquela nuvem está cheia de vida, de beleza, de forma, de glória; e a olhais com uma mente estreita, fechada nos vossos diários problemas, na vossa aflição, e confusão, e luta. 

Nunca olhais verdadeiramente, e a vossa vida se torna uma sombra, uma coisa superficial e sem valor. Assim, para aprender, é necessário olhar.

Para aprender a respeito de mim mesmo, devo olhar, escutai, por favor!  Devo olhar a mim mesmo. Só posso olhar-me, quando não existe autoridade de espécie alguma, quando não digo que sou `Eu Superior´ ou `Eu Inferior´, quando nenhum conhecimento tenho a respeito de mim mesmo: devo olhar-me todos os dias como `coisa nova´. Mas, quando olho a mim mesmo, há `aquele que olha´, o observador, o experimentador, e o pensamento, a experiência, a coisa que estou a olhar. 


É o que acontece com a maioria de nós. Não é verdade?


 Quando digo que me estou a olhar, o observador é diferente da coisa que está a ser observada. Isto é simples. Não estou a entrar em nenhuma filosofia super-metafísica e complicada... isso são tolices, para mim pelo menos.  Só há o facto óbvio, o observador, o `eu´ que diz: `Estou a olhar´, e a coisa que está a ser olhada. Há, pois, separação entre o observador e a coisa observada. Isto é, quando digo:`Eu estou encolerizado´, esse `eu´ é diferente da coisa a que chamo `cólera´. 
É o que em geral nos acontece. Correcto? 

Para a maioria das pessoas, isso é um facto simples, isto é, que o pensador é diferente do pensamento. 
E essa separação é a origem do conflito, porque o pensador está sempre a procurar alterar o seu pensamento, modificá-lo, moldá-lo, controlá-lo, forçá-lo, reprimi-lo, sublimá-lo, fazer alguma coisa em relação a ele. 

Para aprender algo a respeito dessa divisão, devo questionar o próprio pensador, o próprio observador. Correcto? Devo questionar se essa divisão é real ou se foi inventada pela mente, para fugir ao real. Espero que isto não esteja a parecer complicado demais; se o é, sinto muito.

Percebe-se que viver em conflito a todo o momento e em qualquer nível que seja, é de efeito destruidor. Compreende muito claramente, não baseado na própria experiência, porém no facto real da existência diária, que isso destrói as relações; corrompe a mente; torna a mente mecânica, insensível, embotada, estúpida. Diz, portanto, que, enquanto uma pessoa está em conflito, não pode haver sensibilidade, e por conseguinte, nenhum acto de aprender. Pois, o conflito é o principal factor da confusão, do atrito. 

Assim, diz, de si para si: `É possível uma pessoa viver sem conflito na sua existência, o ambiente, a família, a profissão, os insultos e humilhações a que se está sujeito, etc. ?´. Não se diz que isso é possível ou impossível, pois seria estupidez dizê-lo. Quer-se aprender a esse respeito. E, assim, começa a investigar, a aprender tudo o que concerne ao pensador. E, para aprendê-lo, terá de observar o pensador da mesma maneira como observa uma flor sem lhe dar nome, sem classificá-la; tem de observar, simplesmente. 

Ora, quando se observa simplesmente, não há pensador, porém unicamente observação, e por conseguinte, não há separação entre o pensador e o pensamento.

Por favor, não concordeis nem discordeis. Sei de todas as subtilezas que de costume se dizem: primeiro vem o pensador, depois o pensamento; `o que nasceu primeiro, a galinha ou o ovo?´. Isso são coisas velhas e bem sabidas. Mas, se queremos aprender, não devemos firmar-nos em nenhuma asserção. Temos de aprender. 

E quando se está a aprender, percebe-se que só há pensar e não há pensador. O pensador é criado pelo pensamento. Quando não há pensamento, não há pensador, e dessa maneira, se destrói totalmente a raiz do conflito. Só há pensar, e é este que começa a criar a entidade chamada pensador, à qual atribui permanência. 

Essa permanência é uma ideia; não é uma realidade, porém mera ideia. Infelizmente, vivemos segundo ideias e não segundo factos; não da acção, porém das ideias postas em acção, como dissemos noutro dia.

Há, pois, apenas pensar. Sabeis o que acontece quando se percebe que só há pensar? 

Por favor, estamos a tomar parte nisto juntos; não podeis ficar a dormir. Estamos a viajar juntos. Percebe-se que só há pensar, o que é um facto evidente, e não a entidade que pensa, separada do pensamento. Vêde, quando digo: `Eu sinto cólera´, esse `eu´, para a maioria de nós, é diferente da cólera. Mas, não é a cólera parte desse `eu´ que diz: `sinto cólera´?.
 Se houvesse apenas a cólera, como uma reacção a que destes o nome de `cólera´, o problema se tornaria diferente.

Entendeis, o que estou a dizer? 
Não existe uma entidade que diz: `Não devo estar encolerizado´, ou `Devo continuar encolerizado´. Há apenas aquele sentimento ou reacção, que denominamos `cólera´. 


Quando se percebe que não existe uma entidade a condenar a cólera, altera-se toda a anatomia do problema. Está difícil demais, senhores? 


Sinto-o, porque se não se compreender essa coisa, quando falarmos a respeito do medo, não vos libertareis do medo e os nossos caminhos se separarão. Eis por que insisto nisto e porque disto me ocuparei tão profunda e detalhadamente quanto possível. 

É necessário perceber, compreender, que só há pensamento, como reacção da memória, reacção da experiência, pois o pensamento é isso. Pergunto-vos uma coisa, e ou respondeis prontamente, ou precisais de algum tempo para responder. A prontidão da resposta indica que sabeis muito bem a resposta, que estais bem familiarizado com ela. Mas, se vos pergunto algo de muito mais profundo, que ignorais ou que esquecestes, tendes de reflectir. Este `reflectir´ é a procura, durante o intervalo de tempo.


Pensar, pois, é um processo mecânico; não é nada de sublime, de maravilhoso. Os cérebros electrónicos estão também a `pensando´; isto é, o cérebro electrónico `responde´ de acordo com os dados que lhe foram fornecidos, que constituem o seu `conhecimento´; e depois, quando lhe é feita uma pergunta, ele `responde´. 





Connosco dá-se exactamente a mesma coisa. Actuamos através da associação, da experiência, do conhecimento prévio; e quando provocado, esse conhecimento `responde´; essa resposta é pensamento. Se se percebe que todo o pensar é uma reacção da memória, e por conseguinte, mecânico, portanto, coisa morta e não vital, altera-se toda a nossa estrutura de conflito. 

Começa-se então a aprender a respeito do pensar. Descobre-se, então, o quanto é importante compreender toda a estrutura da memória, aprender a respeito dela; e que a memória é a sede de todas as reacções. Os cientistas andam ocupados em investigar o problema da memória e a importância desta em certos níveis. E eu vos estou a dizer que a memória é importante em certos níveis; mas que noutro nível ela é sumamente destrutiva, pois resulta do tempo, do passado; e se estais sempre a `responder´ da base do passado, vosso pensar, obviamente, procede do passado, de modo que nunca estais livre para olhar qualquer coisa de maneira completamente nova.

Assim, à mente que está a aprender, e não a adquirir conhecimento, só interessa o pensar, e não o pensador, porque este foi criado pelo pensamento. Vede, isto é muito simples. 




Se gosto de uma coisa, nela penso constantemente; o pensar nela proporciona-me prazer, e por conseguinte, dou a essa coisa de que gosto uma continuidade, que se torna memória. E, se não gosto de uma coisa, trato de repeli-la, o que a seu turno, dá continuidade a essa coisa. Considerai, pois isto, aprendei a respeito disto: Que todo o nosso pensar é mecânico; e que sendo o pensamento mecânico, o mero cultivo do pensamento nunca libertará o homem; por mais que logreis requintar, controlar, eliminar o pensamento, nunca sois livre. 

O que vos cabe fazer é aprender tudo o que concerne ao pensar, e dessa maneira, vos tornardes original. O aprender não é acumulativo.

Não há mais tempo para falarmos sobre o medo; fá-lo-emos no próximo domingo ou em qualquer dia em que aqui nos reunirmos. 

Mas é necessário compreender muito claramente certas coisas, que o acto de aprender é completamente diferente do acto de adquirir conhecimento; que o aprender liberta energia, ao passo que a acumulação de conhecimentos e o actuar de acordo com eles, restringe a energia; que essa restrição, essa repressão da energia é conflito; e que a verdadeira fonte do conflito é a separação entre o pensador e o pensamento; que, quando só há pensamento e por conseguinte não há condenação de nada, resistência a nada, só há o simples acto de aprender constantemente; que esse aprender torna a mente jovem, nova, `inocente´; e por fim, que essa mente não pode ser atingida pela idade.













Assim, a mente que é capaz de olhar, de ver, de escutar e aprender, é uma mente muito disciplinada, da disciplina nascida do aprender e não do ajustamento. 


A própria palavra `disciplina´ significa aprender; mas, infelizmente, a traduzimos com o significado de ajustamento, pressão, etc. E para aprender, necessita-se de atenção, e não de concentração, assunto de que trataremos noutro dia. Tudo isso requer energia, e por conseguinte, alimentação adequada, etc.




A mente religiosa é sempre jovem, isto é, está sempre a aprender, e por conseguinte, fora do tempo. Só essa é a mente religiosa. Não aquela que vai aos templos, essa não é mente religiosa; não a que lê livros e está sempre a citar e a pregar moral; não é essa a mente religiosa. A mente que recita orações, que repete, repete, repete, está, no fundo, atemorizada e obcecada pelo conhecimento; portanto, não é uma mente religiosa. 

Religiosa é a mente que está a aprender, e por conseguinte, nunca em conflito, em tempo algum, a qual, por conseguinte, é uma mente nova, inocente. Essa mente está só. A mente necessita de estar inteiramente só, porque só assim pode transcender a si própria."




Jiddu Krishnamurti
"Uma nova maneira de agir"















t.































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