Páginas

domingo, 13 de março de 2016

Our life is conditioned by the verb 'to be'…









Our life is conditioned

by the verb
 'to be'



























"De repente, como se um destino médico me houvesse operado de uma cegueira antiga com grandes resultados súbitos, ergo a cabeça, da minha vida anónima, para o conhecimento claro de como existo. E vejo que tudo quanto tenho feito, tudo quanto tenho pensado, tudo quanto tenho sido, é uma espécie de engano e de loucura. Maravilho-me do que consegui não ver. Estranho quanto fui e que vejo que afinal não sou.

Olho, como numa extensão ao sol que rompe nuvens, a minha vida passada; e noto, com um pasmo metafísico, como todos os meus gestos mais certos, as minhas ideias mais claras, e os meus propósitos mais lógicos, não foram, afinal, mais que bebedeira nata, loucura natural, grande desconhecimento. Nem sequer representei. Representaram-me. Fui, não o actor, mas os gestos dele.

Tudo quanto tenho feito, pensado, sido, é uma soma de subordinações, ou a um ente falso que julguei meu, por que agi dele para fora, ou de um peso de circunstâncias que supus ser o ar que respirava. Sou, neste momento de ver, um solitário súbito, que se reconhece desterrado onde se encontrou sempre cidadão. No mais íntimo do que pensei não fui eu.

Vem-me, então, um terror sarcástico da vida, um desalento que passa os limites da minha individualidade consciente. Sei que fui erro e descaminho, que nunca vivi, que existi somente porque enchi tempo com consciência e pensamento. E a minha sensação de mim é a de quem acorda depois de um sono cheio de sonhos reais, ou a de quem é liberto, por um terramoto, da luz pouca do cárcere a que se habituara.

Pesa-me, realmente me pesa, como uma condenação a conhecer, esta noção repentina da minha individualidade verdadeira, dessa que andou sempre viajando sonolentamente entre o que sente e o que vê.

É tão difícil descrever o que se sente quando se sente que realmente se existe, e que a alma é uma entidade real, que não sei quais são as palavras humanas com que possa defini-lo. Não sei se estou com febre, como sinto, se deixei de ter a febre de ser dormidor da vida. Sim, repito, sou como um viajante que de repente se encontre numa vila estranha sem saber como ali chegou; e ocorrem-me esses casos dos que perdem a memória e são outros durante muito tempo. Fui outro durante muito tempo, desde a nascença e a consciência, e acordo agora no meio da ponte, debruçado sobre o rio, e sabendo que existo mais firmemente do que fui até aqui. Mas a cidade é-me incógnita, as ruas novas, e o mal sem cura. Espero, pois, debruçado sobre a ponte, que me passe a verdade, e eu me restabeleça nulo e fictício, inteligente e natural.

Foi um momento, e já passou. Já vejo os móveis que me cercam, os desenhos do papel velho das paredes, o sol pelas vidraças poeirentas. Vi a verdade um momento. Fui um momento, com consciência, o que os grandes homens são com a vida. Recordo-lhes os actos e as palavras, e não sei se não foram também tentados vencedoramente pelo Demónio da Realidade. Não saber de si é viver. Saber mal de si e pensar. Saber de si, de repente, como neste momento lustral, é ter subitamente a noção da monada íntima, da palavra mágica da alma. Mas essa luz súbita cresta tudo, consume tudo. Deixa-nos nus até de nós.

Foi só um momento, e vi-me. Depois já não sei sequer dizer o que foi. E, por fim, tenho sono, porque, não sei porquê, acho que o sentido é dormir."


Fernando Pessoa 
"Livro do desassossego"







"First of all, I think one has to understand the meaning of the word freedom
For most of us, freedom impliesfreedom to express ourselves, or freedom to do what we like in society; or freedom to think what we like; orfreedom from a particular tiresome habit or a particular idiosyncrasy and so on. To understand what isfreedom, because that seems to me absolutely necessary for a mind that is capable without any distortion to be able to meditate.

For most of us we demand freedom politically or religiously or to think what we like, and there is the freedomof choice. Political freedom is all right and one must have it, but for most of us we never demand and find out whether it is at all possible to be free inwardly. Our mind is a slave to its own projections, to its own demands, to its own desires and fulfilment's. The mind is a slave to its cravings, to its appetites. And apparently we never ask whether it is at all possible to be free inwardly. But we are always wanting freedomoutwardly - to go against the society, against a particular structure of society. And this revolt against society, which is taking place all over the world, is a form of violence which indicates that one is concentrating on an outward change without the inward change.

So, violence plays an extraordinary part in our life, we never ask whether the mind can be completely and utterly free from violence. We have accepted it as part of life, as we have accepted war as a way of life. And we have our favourite wars - you may not like this particular war, but you don't mind having other kinds of wars. And there will be always wars - and there have been for 5,000 years, wars, because man has accepted violence as the way of life. And we never question whether the mind can be really and truly, deeply free of violence. And the permissive society in which we live, the culture in which this is gradually coming out of this society, to do what one likes or choose what one likes, is still an indication of violence. Where there is choicethere is no freedom. Choice implies confusion, not clarity.
When you see something very clearly there is nochoice, there is only action. It is only a confused mind that chooses. And choice is an indication of the lack offreedom and therefore in choice there is resistance, conflict.

And so our life as it is now is based on violence. Our life is conditioned by the verb 'to be'. Please, this is important to understand, how our life is guided and conditioned by the verb 'to be': one has been, one is, and one will be. The idea in that verb is to arrive, to succeed, to achieve, to become, gradually attain peace, gradually get rid of the things that hinder us. So the verb 'to be' is the conditioning of the mind in time. Do please follow this.
"


Jiddu Krishnamurti 
"Truth and actuality"






A liberdade não tem escolha para se optar, ou a vive, com ela em cada momento, 
ou vive pensando que é livre!


"Liberdade não implica escolha. Pensamos que somos livres se pudermos escolher. Não sei se alguma vez já investigou a questão da escolha. Tem uma vasta selecção à sua frente, os vários professores, yogis, filósofos, cientistas, psicólogos, analistas, bombardeando a sua mente, constantemente, dia sim dia não.
E desta selecção vai escolher quem pensa que deve seguir, quem você pensa que deve ouvir…

E a sua escolha está baseada na sua confusão, naturalmente, de seguir, ouvir aquele mestre, aquele guru, aquele filósofo, portanto começa a depender de si mesmo, pensando que é livre de escolher. O antecedente da escolha é invariavelmente a confusão. Não fica confuso quando escolhe? Não fica indeciso quando selecciona um entre todos esses? Portanto a sua escolha é essencialmente o resultado da confusão."



Jiddu Krishnamurti
"Reflections on the Self"

















"A maioria dos homens vive com espontaneidade uma vida fictícia e alheia. A maioria da gente é outra gente, disse Oscar Wilde, e disse bem. Uns gastam a vida na busca de qualquer coisa que não querem; outros empregam-se na busca do que querem e lhes não serve; outros ainda se perdem.

(...)

A liberdade é a possibilidade do isolamento. És livre se podes afastar-te dos homens, sem que te obrigue a procurá-los a necessidade de dinheiro, ou a necessidade gregária, ou o amor, ou a glória, ou a curiosidade, que no silêncio e na solidão não podem ter alimento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo. Podes ter todas as grandezas do espírito, todas da alma: és um escravo nobre, ou um servo inteligente: não és livre. E não está contigo a tragédia, porque a tragédia de nasceres assim não é contigo, mas do Destino para si somente. Ai de ti, porém, se a opressão da vida, ela própria, te força a seres escravo. Ai de ti se, tendo nascido liberto, capaz de te bastares e de te separares, a penúria te força a conviveres. Essa, sim, é a tua tragédia, e a que trazes contigo.

Nascer liberto é a maior grandeza do homem, o que faz o ermitão humilde superior aos reis, e aos deuses mesmo, que se bastam pela força, mas não pelo desprezo dela.

A morte é uma libertação porque morrer é não precisar de outrem. O pobre escravo vê-se livre à força dos seus prazeres, das suas mágoas, da sua vida desejada e contínua. Vê-se livre o rei dos seus domínios, que não queria deixar. As que espalharam amor vêem-se livres dos triunfos que adoram. Os que venceram vêem-se livres das vitórias para que a sua vida se fadou.

Por isso a morte enobrece, veste de galas desconhecidas o pobre corpo absurdo. É que ali está um liberto, embora o não quisesse ser. É que ali não está um escravo, embora ele chorando perdesse a servidão. Como um rei cuja maior pompa é o seu nome de rei, e que pode ser risível como homem, mas como rei é superior, assim o morto pode ser disforme, mas é superior, porque a morte o libertou.

Fecho, cansado, as portas das minhas janelas, excluo o mundo e um momento tenho a liberdade. Amanhã voltarei a ser escravo; porém agora, só, sem necessidade de ninguém, receoso apenas que alguma voz ou presença venha interromper-me, tenho a minha pequena liberdade, os meus momentos de excelsis.

Na cadeira, aonde me recosto, esqueço a vida que me oprime. Não me dói senão ter-me doído."


Fernando Pessoa
"Livro do desassossego"









"Close your eyes and see yourself"






"Our nature abhors a moral and intellectual vacuum. Passion and self-interest may be our chief motives, but we hate to admit the fact even to ourselves. 

We are not happy unless our acts of passion can be made to look as though they were dictated by reason, unless our self-interest can be explained and embellished so as to seem idealistic."


Aldous Huxley
"The olive tree and other essays"
















I let it grow inside 
I ran away I was so scared 
Never fought against it 

I was blinded
The fear was all around me
It got the grip of my dreams.

Maybe I had a vision
But I never learnt to fly
Somehow I lost my mission
I was too afraid-to give it a try
I had the power
But I lacked the crucial will
The thrill to live was locked in a cage
My soul was crying
But I kept the voices deep inside
I buried all my dreams

Maybe I had a vision
But I never learnt to fly
Somehow I lost my mission
I was a man in the dark
I let my dreams to be forsaken
Fire slowly die
Abandoned and mistaken
I was falling high

Once I was afraid to live
Now I'm so afraid to fade away
Once I had something to give
But I fell into the shades of gray- with empty hands 

The fear is the curtain
Falling on and on
The shadows on the wall
Are growing so tall
The fear is the fire
Behind the closed door
You feed the flames by running away

Maybe I had a vision
But never learnt to fly
Somehow I lost my mission
I was a man in the dark
I let my dreams to he forsaken
Fire slowly die
Abandoned and mistaken
I was falling high

Once I was afraid to live
Now I am so afraid to fade away
Once I had something to give
But I fell into the shades of gray

Once I was afraid to live
I was afraid to live
Now I am so afraid to fade away
Afraid to fade away
Once I had something to give
I had something to give
But I fell into the shades of gray with empty hands
I was afraid to live
The fear is the curtain













t.


































0 comentários:

Enviar um comentário