“In seeking there are several things involved: there is the seeker and the thing that he seeks after.
When the seeker finds what he
thinks is truth, is God, is enlightenment, he must be able to recognize it.
He
must recognize it, right?
Recognition implies previous knowledge, otherwise you
cannot recognize.
I cannot recognize you if I had not met you yesterday.
Therefore when I say this is truth, I have already known it and therefore it is
not truth.
So a man who is seeking truth lives a life of hypocrisy, because his truth is the projection of his memory, of his desire, of his intentions to find something other than `what is´, a formula.
So seeking implies
duality, the one who seeks and the thing sought after, and where there is duality
there´s conflict.
There is wastage of energy. So you can never find it, you
can never invite it.”
Jiddu Krishnamurti
Desire of
truth?
DA VITÓRIA SOBRE SI MESMO
"Chamais
`desejo de verdade´ ao que vos impele e incendiai, a vós, os mais sábios.
Desejo de imaginar tudo quanto existe; assim chamo eu ao vosso desejo.
Quereis
tornar imaginável tudo quanto existe; porque duvidais com justa desconfiança
que tudo seja imaginável.
É mister, porém, que tudo se amolde e curve perante
vós! Assim o quer a vossa vontade.
É mister que
fique punido e submisso ao espírito como o seu espelho e a sua imagem. Eis aqui
toda a vossa vontade, sapientíssimos, como uma vontade de poder; e isto ainda
que faleis do bem e do mal e das apreciações de valores.
Quereis ainda criar o
mundo perante o qual possais ajoelhar-vos: é esta a vossa última esperança e a
vossa última embriaguez.
Os simples,
todavia, o povo, são semelhantes ao rio por onde avança um barquinho, e no
barquinho vão, solenes e mascaradas, as apreciações dos valores.
Pusesteis a
vossa vontade e os vossos valores no rio do porvir; o que o povo considera bom
e mau revela-me uma antiga vontade de domínio.
Vós, os mais sábios, fosteis
quem pôs esses hóspedes nesse barquinho; fosteis vós e a vossa vontade
dominante que os enfeitou com adornos e nomes sumptuosos.
Agora o rio
arrasta mais para longe o vosso barquinho: tem que o arrastar. Pouco importa
que a quebrada onda espume e, irada, lhe contrarie a quilha. Não é o rio o
vosso perigo e o fim do vosso bem e do vosso mal, sapientíssimos, mas essa
mesma vontade, a vontade do poder, a vontade vital, inesgotável e
criadora.
Mas, para
compreenderdes a minha palavra sobre o bem e o mal, dir-vos-ei a minha palavra
sobre a vida e a condição de todo o vivo.
Eu tenho
seguido o que é vivo, persegui-o pelos caminhos grandes e pequenos, a fim de
lhe conhecer a natureza. Quando a vida emudecia, apanhava-lhe o olhar num
espelho de cem facetas, a fim dos seus olhos me falarem.
Mas por onde quer que
encontrasse o ser vivo, ouvi a palavra obediência. Todo o vivente é
obediente.
Eis aqui a
segunda coisa: manda-se ao que não sabe obedecer a si mesmo. Tal é a condição
natural do vivo.
Eis o que
ouvi em terceiro lugar: Mandar é mais difícil do que obedecer; porque aquele
que manda suporta o peso de todos os que obedecem, e essa carga facilmente o
derruba. Mandar parece-me um perigo e um risco. E quando manda, o vivo sempre
se arrisca.
E quando se manda a si próprio também tem que expiar a sua
autoridade, tem que ser juiz, vingador e vítima das suas próprias leis. Como é
então isto? Perguntei a mim mesmo.
O que é que
decide o vivo a obedecer, a mandar, e a ser obediente, mesmo mandando? Escutai
a minha palavra, sapientíssimos!
Examinai
seriamente se penetrei no coração da vida! Onde quer que encontrasse o que é
vivo, encontrei a vontade de domínio, até na vontade do que obedece encontrei a
vontade de ser senhor.
Sirva o mais
fraco ao mais forte: eis o que lhe incita a vontade, que quer ser senhora do
mais fraco. É essa a única alegria de que se não quer privar.
E como o mais
pequeno se entrega ao maior, para gozar do mais pequeno e dominá-lo assim o
maior se entrega também e arrisca a vida pelo poder.
É este o
abandono do maior; haja temeridade e perigo e jogue-se a vida num lanço de
dados. E onde há sacrifício e serviço e olhar de amor há também vontade de ser
senhor.
Por caminhos
secretos desliza o mais fraco até à fortaleza, e até mesmo ao coração do mais
poderoso, para roubar o poder.
E a própria vida me confiou este segredo: `Olha,
disse, eu sou o que deve ser superior a si mesmo´.
Certamente vós chamais a
isso vontade de criar ou impulso para o fim, para o mais sublime, para o mais
longínquo, para o mais múltiplo; mas tudo isso é apenas uma só coisa e um só
segredo.
Prefiro
desaparecer a renunciar a essa coisa única: e, na verdade, onde há morte e
queda de folhas, é onde se sacrifica a vida pelo poder. É mister que eu seja
luta e sucesso e fim e contradição dos fins. Ai!
Aquele que adivinha a minha
vontade adivinha também os caminhos tortuosos que precisa seguir. Seja qual for
a coisa que eu crie e o amor que lhe tenha, em breve devo ser adversário e o
adversário do meu amor: assim o quer a minha vontade.
E tu também,
investigador, não és mais do que a senda e a pista da minha vontade: a minha
vontade de domínio segue também os vestígios da tua vontade de verdade.
Certamente não encontrou verdade aquele que falava da `vontade de existir´; não
há tal vontade.
Porque o que não existe não pode querer; mas como poderia o que
existe ainda desejar a existência!
Só onde há vida há vontade; não vontade de
vida, mas como eu predico, vontade de domínio.
Há muitas
coisas que o vivente aprecia mais do que a vida; mas nas próprias apreciações
fala a `vontade de domínio´.
Isto ensinou-me um dia a vida, e por isso,
sapientíssimos, eu resolvo o enigma do vosso coração.
Em verdade vos digo. Bem
e mal imortais não existem. É preciso que incessantemente se excedam a si mesmos.
Com os vossos
valores e as vossas palavras do bem e do mal, vós, os apreciadores de valor,
exerceis poderio; e é este o vosso amor oculto e o esplendor, o tremor e o
transbordar da vossa alma.
Dos vossos
valores, porém, surge um poder mais forte e uma nova vitória sobre si, que
parte os ovos e as cascas do ovo. E o que deve ser criador no bem e no mal deve
começar por ser destruidor e quebrar os valores. Assim a maior malignidade
forma parte da maior benignidade; mas esta benignidade é a criadora.
Digamo-lo,
sapientíssimos, embora nos custe muito; calarmo-nos é ainda mais duro: todas as
verdades caladas se tornam venenosas.
Aniquile-se
tudo quanto pode ser aniquilado pelas nossas verdades!
Há ainda muitas casas a
edificar!´.
Assim
falava Zaratustra."
Friedrich Nietzsche
"Assim falou Zaratustra"
t.
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