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quarta-feira, 13 de abril de 2016

The beauty of no fear...










Don't waste your energy on the ugly.

Save it for the beautiful.

Harold Arlen









What brings freedom from fear, and I assure you the freedom is complete,is to be aware of fear without the word, without trying to deny or escape from fear, without wanting to be in some other state. 

If with complete attention you are aware of the fact that there is fear, then you will find that the observer and the observed are one: there is no division between them. 

There is no observer who says: 'I am afraid'; there is only fear, without the word which indicates that state.

 The mind is no longer escaping, no longer seeking to get rid of fear, no longer trying to find the cause, and therefore it is no longer a slave to words. 

There is only a movement of learning, which is the outcome of innocence, 
and an innocent mind has no fear.


Jiddu Krishnamurti 









The beauty
of
no fear...
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"Temos de perceber que a vida é um movimento, um rio imenso, de força tremenda, de tremenda energia e ímpeto, que se move e se move, sem parar. 
Eu como ente humano, faço parte desse movimento.


Como ente humano, fui condicionado para ser hindu, católico, comunista, etc. A cada movimento da vida eu reajo em conformidade com o meu condicionamento.




O meu condicionamento é pequeno, banal, superficial, estulto, e de acordo com ele eu `reajo´. A minha reacção será sempre inadequada; por conseguinte, terei sempre problemas.






Percebo-o, e digo: `Meu Deus, preciso livrar-me do meu condicionamento; preciso livrar-me de todas as minhas inibições conscientes, das tradições, do peso do passado´.

Enquanto estou a fazer isso, a analisar, dissecar, examinar, os desafios continuam a assaltar-me. Estou a criar problemas, porque não estou realmente a `reagir´.

Enquanto estou a procurar libertar-me do condicionamento, estou a criar problemas, porque os desafios estão sempre a surgir e a eles não estou a reagir. Estou a ver isso; compreendo perfeitamente a superficialidade, a futilidade desse inútil exame.

Já não estou a desperdiçar a minha energia, os meus pensamentos, as minhas emoções, a dizer: `Como libertar-me? Como são estúpidos esses condicionamentos, que devo fazer?´. 


Todos os pensamentos que são aplicados a um tal exame constituem um total desperdício de energia. 

Percebo isso. Por conseguinte, tenho uma energia imensa; qualquer que seja o desafio, sou capaz de enfrentá-lo. Enfrento os desafios, vou aprender, não do fundo do meu condicionamento; aprendo, à medida que vivo. Que sucedeu?


Já não me importo com o meu condicionamento. Já não estou a desperdiçar a minha energia a dizer: `Isto é certo; isto é errado; isto é bom; isto é mau; isto preciso conservar; isto preciso rejeitar´


Como não estou a desperdiçar energia com essas coisas, disponho agora da minha energia total, para enfrentar o desafio.


















É desperdício de energia examinar o meu fundo, condená-lo ou alentá-lo. Disponho agora da energia que antes era desperdiçada em exames e análises. Tenho essa energia, e com ela enfrento o desafio. 


Essa energia revelará a profundidade do desafio, de cada desafio que surge. Essa energia é sempre nova. 
Ao enfrentar o desafio, não está a criar nenhum fundo, e por conseguinte, não está a criar nenhum problema novo.


O desafio está a ser enfrentado com lucidez, porque tenho a energia necessária para enfrentá-lo, energia que já não receia ser incapaz de enfrentá-lo. Essa energia já não está a ser dissipada.


Esta está a libertar a mente do seu condicionamento, condicionamento nacionalista, comunista, ideológico, ou o condicionamento da família, do nome. Está a ultrapassar todo e qualquer condicionamento. 




A mente capaz de enfrentar um desafio com a sua energia total não está a criar problemas. Só a mente que reage aos desafios com o seu fundo, o seu condicionamento, reacção essa sempre inadequada, só essa mente cria problemas.


Se percebemos isso com toda a clareza, não intelectual, mas realmente, de maneira completa, com todo o nosso ser, com atenção total, poderemos então dar mais um passo à frente.

Por que dependermos de desafios?

Estamos, a maior parte de nós, a dormir. Encontramos abrigo e refúgio nas nossas ideologias. Temos defesas. Queremos estar protegidos, em segurança.


Queremos a segurança das nossas religiões, das nossas crenças, dos nossos dogmas, das nossas relações, das nossas actividades, e isso gradualmente, gera um condicionamento mecânico, sonolento. Vem um desafio e nos desperta. 


A importância do desafio é que ele nos desperta, mas ao despertarmos,`reagimos´ conforme um certo fundo (background), e dessa maneira criamos mais problemas.

Ao nos vermos impossibilitados de resolver os problemas, tornamos a adormecer. De novo surge um problema, um desafio; despertamos momentaneamente, mas logo recaímos no sono.


É dessa maneira que estamos a viver. Ao percebermos o `processo´ de corresponder ao desafio de maneira completa, com plena atenção, apresenta-se a questão: 
Há necessidade de desafios?


















O homem que está totalmente desperto não necessita de desafios; esse homem não tem problemas; vai ao encontro de cada desafio de maneira nova. A mente de todo desperta não tem problemas, e por conseguinte, não depende de nenhum desafio para se manter desperta.



Só se pode compreender isso, quando o problema, o desafio foi atendido com a nossa energia total, e não com o nosso fundo. 


A mente para a qual não há desafios é uma mente livre, e com essa liberdade, pode ir mais longe. Não aprofundaremos este ponto agora, porquanto requer um estado mental completamente diferente.


Só a reacção inadequada ao desafio gera medo. Existe o medo da morte; o medo de perder um emprego; o medo à solidão; o medo de vivermos como pessoas insignificantes; o medo e as frustrações que acompanham os nossos esforços para sermos pessoas importantes, tornarmo-nos famosos e o medo de não podermos alcançar esse alvo. Esses temores geram neuroses, um estado mental neurótico.
















Quando há medo, não há afeição; não há amor; não há comunhão. 
Quando há medo, maior é a defesa. 

Quando há medo, a mente inventa deuses, cerimónias, rituais, a separação entre os povos: europeus, americanos, chineses, indianos.


E, então, o medo começa a inventar uma certa espécie de paz, de união mundial. É o medo que está a ditar. 
O medo nenhuma possibilidade tem de resolver os nossos problemas. 

É possível viver sem medo. Não estamos a investigar ou a falar sobre o medo no nível intelectual. 
É inteiramente fútil considerá-lo como uma ideia. Não podemos viver de ideias. Não podemos viver na dependência de uma coisa fragmentada; nem do sentimento.


Não estamos a investigar intelectualmente as características do medo. Estamos a procurar vê-lo e pôr-lhe fim, radicalmente, não importa que espécie de medo, da morte, da infidelidade por parte da minha mulher, ou do meu marido, de qualquer coisa que seja.


























Há possibilidade de livrar-nos do medo, não só conscientemente, mas também nas profundezas do inconsciente, nas profundezas do nosso coração, de modo a que não haja mais sombra de medo, em tempo algum?


Se estamos livres do medo, então os deuses que a mente inventou, as utopias, os sacerdotes, as doutrinas, teologias e crenças, todos esses absurdos e infantilidades desaparecerão.



















É possível livrar-nos do medo, não numa data futura, não pelo cultivo da resistência ao medo (que é outra forma de medo), não pelo inventar uma certa teoria ou crença, a fim de ocultar o medo?

O medo não pode ser desfeito pela análise. Esta constitui um desperdício de tempo, quando se trata do medo.

Se, quando sinto medo, quando recebo o choque do medo, digo: `Descobrirei um meio de libertar-me dele´, não resolvi o problema. Se procuro um analista e começo a examinar os meus sonhos ou a fazer qualquer daquelas coisas complicadíssimas que ele inventou, a fim de libertar-me do medo, dele não fico livre. 

Estamos agora a perguntar a nós mesmos se temos possibilidade de nos libertar do medo, sem recorrermos a nenhuma dessas inutilidades.

Eis um desafio que se apresenta a cada um de nós. Muito importa que o descubrais por vós mesmos, de que maneira estais a reagir a esse desafio. Se dizeis que não podeis ou não sabeis libertar-vos do medo, já criastes um problema. 

Se dizeis: `Mostrai-nos como libertar-nos dele´, nesse caso estais a depender deste orador, de modo que o medo se torna mais forte ainda. 

Ou, se dizeis que conseguistes livrar-vos de um antigo temor, mas não sabeis como o conseguistes, estais então a tentar, com a lembrança conservada na vossa mente, daquela libertação, resolver o problema do vosso medo actual. 


Como deveis enfrentar o desafio do medo, não depois de voltar a casa, nem amanhã, mas agora?


Vós tendes medo; cada um de nós tem medo, consciente ou inconsciente. 
Se for um medo inconsciente, tratai de desenterrá-lo, trazê-lo para fora, expô-lo à luz. Uma vez revelado esse medo, de que maneira o enfrentais? 

É com efeito, assaz difícil responder a esta pergunta, isto é, de que maneira enfrentais o medo que vos foi revelado, se de facto, desejais revelá-lo a vós mesmos.

Em geral, não desejamos trazê-lo à luz, porque tal é o nosso medo, que não sabemos o que fazer com ele. 
Tão acostumados estamos a evitá-lo, por palavras e de tantas outras vias de fuga, que pelo geral, não somos capazes de revelar a nós mesmos, e não a outrem, os temores que temos. 

Uma vez revelado, o medo se torna uma coisa muito simples. Sabemos, pelo menos, que temos medo. Já não há saída alguma. 

Se tememos a morte e não procuramos fugir a esse medo por teorias, de crenças, da ideia da reencarnação, de esperança de espécie alguma, de nenhuma dentre as dúzias maneiras pelas quais a mente procura fugir do facto real, sabemos então que estamos com medo. Não temos por onde fugir.

O medo torna-se então um simples facto. Só quando tentamos a fuga é que começa a complicação. Temo a minha mulher ou o meu marido; tenho defesas contra esse temor; essas defesas são os prazeres, etc., dos quais trataremos noutra ocasião. 

Estou a evitar o facto. Nunca disse: `Tenho medo do meu marido, da minha mulher´. Ao percebê-lo, ocorre então uma coisa extraordinária: o medo se torna um simples facto. Não sei o que fazer em relação a ele, porém ele está à minha frente.

Podeis expor a vosso próprio exame estes temores, da velhice, da doença, enfim todos os temores que temos?

Não podeis provavelmente trazê-los todos à luz (na verdade, podeis, se tendes a firme intenção de fazê-lo), mas pelo menos podeis descerrar um dos vossos temores, o mais chegado e `mimado´ e dar-lhe atenção. 
Como proceder? Como entrar em contacto com ele?

Em primeiro lugar, sois capaz de olhá-lo sem voltar-lhe as costas, sem tentar evitá-lo, superá-lo, condená-lo; olhá-lo, simplesmente?


Sabeis o que significa evitar um facto. Sabeis quanto a mente é engenhosa quando está a evitar um facto. 
Ou trata de justificá-lo, ao dizer: `Como se pode viver neste mundo sem medo?´; ou o condena; ou procura fugir dele. A própria palavra `medo´ cria o medo, aprofunda-o.
















Os mais de vós sabeis o que significa solidão, o que significa ver-se uma pessoa subitamente segregada de tudo, de todas as relações e contactos, em total isolamento. Estou certo de que da família, ou a viajar num carro ou no caminho de ferro subterrâneo, e subitamente vos verdes acometido desse sentimento de completa solidão. Ele é gerador de medo.

Vou examiná-lo, primeiro intelectualmente e veremos depois o que acontece. Estou só; não gosto desse sentimento; é um sentimento terrível, porque não sei o que fazer em relação a ele. Acometeu-me subitamente, enredou-me, e dele quero fugir; procuro conversar, ler o jornal; ligo o rádio, vou à igreja; trato de distrair-me de todas as maneiras possíveis. Essa fuga ao medo gera conflito.


O facto é que estou a fugir, e essa fuga é que é o medo, a fuga!

O medo não existe 
quando o olho. 
Só quando fujo, 
como costumo fazer, 
só então há medo.



Não sei o que significa olhar esse vazio, essa solidão. Em toda a minha vida, o que eu sempre soube fazer foi fugir de tudo aquilo de que não gosto, uma pessoa, uma ideia, uma intenção, um pensamento. 



Afasto-o de mim, fujo, construo defesas. É só o que sei fazer. 
Digo, agora, para mim: `Não quero mais fazer isso, porque nada resolve; a coisa continua existente; a supurar, como uma ferida; não adianta tapá-la; preciso curá-la, compreendê-la, acabar com ela´.


Isso não é determinação de não fugir, porque se digo que não quero fugir cria-se uma resistência contra a fuga, e essa resistência gera novo conflito.

Se nada disso faço, posso então olhar o vazio, a solidão. Não a estou a condenar, não a estou a justificar; ela lá está, tão real como a chuva que está a cair sobre este pavilhão. 


Quer me agrade, quer não, a solidão está à minha frente. Posso olhá-la; o mais importante é a maneira de olhá-la, e não como fugir dela. 












Isto todos sabemos fazer e é uma coisa por demais infantil. É o que se faz há milhares e milhares de anos.


Portanto, trato de pô-lo de lado, porque estou seriamente interessado em examinar e compreender a solidão, para ultrapassá-la. Não sou uma pessoa trivial, frívola. Só os frívolos, os que não são sérios, só esses fogem, e por consequência, vivem a criar problemas e mais problemas. 

O que agora importa é a maneira de olhá-la. Se sei olhá-la, ela se dissolve.


Como a olho? 
Em primeiro lugar, vejo-a como uma coisa exterior a mim. 
É o que todos fazemos; vemo-la como coisa separada do `EU´, como um objecto exterior ao Eu. 



O `EU´ é diferente do objecto que lá está: a solidão, o isolamento? 
Quando alguma coisa em relação a ela, ao condená-la, alterá-la, dominá-la, ou com ela identificar-se?












 Prestai-lhe atenção, por favor; torna-se muito simples, quando a conhecemos. Sede bem simples, porque a vida é um tremendo e complexo problema, tremendamente complexo, e só poderemos compreendê-la se formos muito e muito simples, mas sem sermos infantis.


Se somos muito simples e acolhemos os factos tais como são, podemos então `seguir com eles´ e por fim, ultrapassá-los, transcendê-los. Transcendendo-os, estamos livres deles.



O observador diz:
`Tenho medo´. 
Está separado do medo, como que `do lado de fora´; e então, consciente ou inconscientemente, procura actuar sobre ele. Mas, o observador difere da coisa observada?
















Se fosse diferente, não poderia reconhecê-la. Preciso estar familiarizado com uma pessoa, para reconhecê-la. Posso então dizer: `É fulano tal´. Mas, se não a conheço, não há então contacto, não há relação com a pessoa; é um desconhecido.

O observador conhece, reconhece o sentimento de vazio, de solidão e, porque o reconhece, dele faz parte. 
O observador que reconhece o medo, já sabe o que é o medo; de contrário, não poderia reconhecê-lo. 


Por conseguinte, o observador é aquele vazio, aquela solidão.



O que pode então fazer o observador, que observa, que é o vazio, que é a solidão?



















Por favor, não respondais intelectualmente. Até agora, o observador tratou de fazer alguma coisa em relação ao sentimento, mas subitamente, percebeu que essa solidão é ele próprio. O que pode fazer? 


Evidentemente, 
nada pode fazer. 
Há então inacção total, porquanto o observador nada pode fazer; 
e como resultado dessa total inacção, a coisa que era 
(existia) já não é. 
Essa é a acção mais positiva.
















Antes, a acção positiva consistia em fugir ao que é. `O que é´ é o observador, aquele que vê. 
O observador nada pode fazer em relação a ele, porque `o que é´ é ele próprio.


Não parecemos perceber essa beleza, a beleza da total inacção, em relação ao que é, a beleza da acção total que se torna existente quando há total inacção. Para a maioria de nós, a beleza é uma coisa externa. 

Um objecto é belo, a montanha, a árvore, a casa, o rosto, o céu durante a noite, a lua e as estrelas. Essa apreciação do objecto como `beleza´ ou não-beleza é o que se chama acção positiva. Isso, para mim, não é a beleza, em absoluto, porém uma parte pequeníssima dela, de sumamente positiva, `positivo´, não no sentido de `oposto a negativo´. 


Não depende aquela beleza de nenhum objecto externo. Só a mente que conhece a inacção total pode ver o que é a liberdade, e por conseguinte, ser livre.















INTERROGANTE: Desde criança, sempre existiu em mim um certo sentimento de medo, de enclausuramento, de sufocação, que me acompanha desde o começo e do qual me vejo incapaz de libertar-me. O que posso fazer?



J. KRISHNAMURTI: Em primeiro lugar, senhor, não o analiseis. Isso já temos feito suficientemente, e é um desperdício de tempo. Sabeis porque tendes medo. 

Se não vos ocupardes em analisar, interrogar, inquirir, tereis energia, como agora mesmo estive a explicar. Disporeis de abundante energia para enfrentar aquele sentimento, sempre que surgir. Essa coisa que há tanto tempo existe, desde a infância, continuará existente e se manifestará ao sairdes deste pavilhão ou ao entrardes na vossa casa. Enfrentai-a! 

Enfrentai-a como se com ela vos estivésseis encontrado pela primeira vez. Não sereis capaz de encontrar-vos com ela como se fosse a primeira vez, se estiverdes sempre a analisá-la, a perscrutá-la e a dizer: `Por que isto?´ ou `Por que aquilo?´. Só no estado de inocência se pode resolver problemas, e inocente é a mente que com todas as coisas se encontra de maneira nova."





Jiddu Krishnamurti 
"O mistério da compreensão"
































t.































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