live without conflict...
live without conflict...
“Human beings have lived in this state of conflict as long as
human history is known.
Everything they touch turns into conflict, within and
without.
Either it’s a war between people, or life as a human being is a
battlefield within. We all know this constant, everlasting battle, outwardly
and inwardly.
Conflict does produce a certain result by the use of the will,
but conflict is never creative. That’s a dangerous word to use; we’ll go into a
little later.
To live, to flower in goodness, there must be peace, not economic
peace, the peace between two wars, the peace of politicians negotiating
treaties, the peace which the church talks about, or what the organized
religions preach, but peace that one has discovered for oneself.
It is
only in peace that we can flower, can grow, can be, can function. It cannot
come into being when there is conflict of any kind, conscious or
unconscious.
Is it possible to live a life without conflict in the modern world, with all the strain, struggle, pressures, and influences in the social structure?
That is really living, the essence of a mind that is inquiring seriously.
The
question of whether there is God, whether there is truth, whether there is
beauty can only come when this is established, when the mind is no longer in
conflict.”
"Parece estranho
que não possamos encontrar uma maneira de viver na qual não haja
conflito, confusão nem desdita, e não ser grande abundância de amor e de
consideração. Lemos livros de pessoas intelectuais que nos dizem como a
sociedade deve ser organizada económica, social e moralmente. Então
recorremos a livros de escritores religiosos e de teólogos com suas
ideias especulativos.
Aparentemente é muito
difícil para a maioria de nós
descobrirmos uma forma
de vida que seja dinâmica, pacífica, cheia de energia e claridade, sem
depender de outros. Supõe-se que somos gente muito amadurecida e
sofisticada. Os mais velhos de entre nós, que viveram duas grandes guerras espantosas,
revoluções, levantamentos, e toda a forma de infelicidade.
E apesar disso aqui estamos
numa manhã encantadora, a falar de todas estas coisas, a esperar
possivelmente que nos digam o que fazer, que nos mostrem uma maneira prática de
viver, de seguir a alguém que nos possa oferecer alguma chave para a
beleza da vida e a imensidão de algo além da rotina diária.
Pergunto-me e também o
podem fazê-lo, por que escutamos os outros. Por que não podemos
encontrar claridade por nós mesmos nas nossas próprias mentes e corações, sem
distorção alguma, e por que temos que estar recarregados de livros?
É que não podemos viver sem perturbações, plenamente, com grande
êxtase e realmente em paz? Esse estado de coisas me parece muito
estranho na verdade, mas assim é.
Perguntaram-se alguma vez se é possível
viver plenamente, sem esforço nem luta? Estamos-nos a esforçar constantemente
por trocar isto, transformar, suprimir isto, aceitar aquilo, por imitar e
por seguir certas fórmulas e ideias.
E não estou seguro de
que nos tenhamos perguntado alguma vez se é possível viver sem conflito,
não em isolamento intelectual ou de maneira emocional, sentimental, e bem
confusa, a não ser viver sem nenhuma classe de esforço absolutamente.
Porque o esforço, não importa o agradável (ou desagradável),
satisfatório ou proveitoso que possa ser, deforma e corrompe a mente. É como uma
máquina que está sempre a moer, que nunca funciona brandamente, e que,
portanto se desgasta muito em breve.
Então, se alguém faz a pergunta e
acredito que é uma pergunta importante, se for possível viver sem esforço, mas ao
mesmo tempo, sem se tornar preguiçoso, solitário, indiferente, falta de
sensibilidade, sem se converter num ser humano inactivo.
Toda a nossa vida,
desde o momento em que nascemos até que morremos, é uma luta interminável por
nos adaptar, trocar ou chegar a ser algo. Esta luta e conflito trazem
confusão, insensibilizam a mente, e os nossos corações se tornam
insensíveis.
É possível, portanto
não como uma ideia, ou como algo sem esperança, além do nosso alcance, encontrar
uma maneira de viver sem conflito, não só no superficial, mas
também muito fundo, no assim chamado inconsciente, nas profundidades do nosso
próprio ser?
Acima de tudo, pergunta-se por que inventamos os conflitos, sejam prazenteiros ou
desagradáveis, e se for possível terminar com eles. Podemos pôr fim a isto e viver
uma classe de vida totalmente distinta, com grande energia, claridade,
capacidade intelectual, racionalidade, e assim ter um coração pleno de
abundante amor no verdadeiro sentido da palavra?
Acredito que devemos dedicar as
nossas mentes e nossos corações a investigar este problema e a nos
compenetrar dele completamente.
É óbvio que o conflito
existe devido à contradição em nós mesmos, a qual se manifesta
exteriormente na sociedade, na actividade do `eu´ e do `não-eu´; quer dizer, o `eu´ com
todas as suas ambições, impulsos, empenhos, prazer, ansiedades, ódio,
competição e temores, e o `outro´, que é o `não-eu´.
Existe também a ideia sobre o
viver sem conflitos ou sem desejos contraditórios, empenhos e urgências.
Se nos dermos conta desta tensão, podemos ver em nós mesmos os puxões
das demandas contraditórias, das crenças opostas, das ideias e empenhos.
É esta dualidade,
estes desejos opostos com os seus temores e contradições o que origina o
conflito. Acredito que isso é bastante claro se o observarmos em nós mesmos. Idêntico
padrão se repete uma e outra vez não só na vida diária, mas também no assim
chamado viver religioso entre o céu e o inferno, o bom e o mau, o nobre e o
ignóbil, o amor e o ódio, etc.
Se me permite sugeri-lo, peço-lhes, por favor, que não
escutem meramente as palavras, mas sim, observem a si mesmos em forma não
analítica, usando ao que os fala, como um espelho no
qual se vêem como
realmente são, de maneira que, ao olhar nesse espelho, dêem-se conta
do funcionamento das suas próprias mentes e corações.
Pode ver-se como toda
a forma de divisão, separação ou
contradição, dentro ou
fora de nós mesmos, indevidamente engendra conflito entre a violência e a
não-violência.
Dar-nos conta deste estado de coisas tal como é, a realidade, é
possível terminar com ele não só no nível superficial da nossa consciência, na
nossa vida diária, mas também profundamente nas mesmas raízes do nosso
ser, de maneira que não haja contradição, nem demandas ou desejos
contrapostos, nem actividade alguma da mente dualista e fragmentária? Agora
bem, como vamos fazer isto?
Fabricamos uma ponte
entre o `eu´ e o `não-eu´, o
`eu´ com todas as suas ambições, impulsos e contradições, e o `não-eu´ que é o
ideal, que é a fórmula, o conceito. Estamos sempre a
tratar de construir
uma ponte entre o que é, e o que deveria ser. E nisso há contradição e conflito
e dessa maneira desperdiçamos todas as nossas energias.
Pode a mente cessar de
dividir e ficar completamente com o que é? Existe conflito algum na
compreensão do que é?
Gostaria de entrar
nesta questão, focando-a de forma diferente, em relação com a
liberdade e o temor.
A maioria de nós desejamos liberdade mesmo que vivamos em
actividades egocêntricas e passamos os dias interessados em nós
mesmos, nos nossos fracassos e realizações.
Desejamos ser livres, não só no
político, o qual é comparativamente fácil excepto no mundo das ditaduras, mas
também livres da propaganda religiosa. Qualquer religião, antiga ou moderna, é
obra dos propagandistas e, portanto, não é religião absolutamente.
Quanto
mais sérios somos, quanto mais interessados estamos na totalidade do
viver, mais liberdade procuramos e mais inquirimos, sem aceitar nem acreditar.
Precisamos ser livres
para descobrir se existe a realidade, se existe
ou não algo eterno, intemporal. Há esta demanda
extraordinária de
liberdade em todas as nossas relações, mas essa liberdade geralmente se converte
num processo auto-imolador, e portanto, não há verdadeira liberdade.
Na mesma demanda de
liberdade há medo, porque a liberdade pode implicar insegurança total,
absoluta, e teme-se em estar completamente inseguro. A insegurança parece uma
coisa muito perigosa; todo o menino exige segurança nas suas relações.
E conforme
envelhecemos continuamos a exigir segurança
e certeza em todas as
nossas relações: com as coisas, com as pessoas e com as ideias.
Essa demanda de
segurança engendra indevidamente temor, e ao nos sentirmos
atemorizados, dependemos mais e mais das coisas às quais estamos apegados. Portanto,
surge esta questão da liberdade e do temor; se for de tudo possível estar livre
de temor, não só física, mas também psicologicamente; não só na superfície, mas
também nos escuros esconderijos da nossa mente, nos secretos refúgios onde
nunca se penetrou. Pode a mente estar completamente livre, de todo o medo?
É
o medo, o que destrói o amor, isto não é uma teoria, é o medo o que engendra
ansiedade, apego, desejo de posse, de dominação, ciúmes em todas as
relações, e é o medo, o que engendra a violência.
Podemos observar como
nas cidades, com as suas populações excessivas e a ponto de explorar,
existe grande insegurança, incerteza, medo. Isto contribui com a sua parte à
violência. Podemos estar livres de medo, de maneira que quando saírem deste
salão, possam caminhar sem sombra alguma dessa
escuridão que o medo
produz?
Para compreender o
temor temos que examinar não só os temores físicos, mas também a rede complexa
dos temores psicológicos. Possivelmente possamos investigar isto. O
problema é: como surge o medo, o que o sustenta e lhe dá duração, e se for
possível terminar com ele.
É relativamente fácil compreender os temores físicos. Há
uma resposta foto-instantânea ao perigo físico, que é a resposta de muitos
séculos de condicionamento, porque sem isso não teria havido sobrevivência
física e a vida teria terminado.
Temos que sobreviver fisicamente, e a
tradição de milhares de anos diz que devemos tomar cuidado, e a memória diz: `tome
cuidado, há perigo, deve actuar imediatamente´. Mas é medo esta resposta
física ante o perigo?
Por favor, sigam tudo
isto cuidadosamente, porque vamos entrar um pouco muito singelo e,
entretanto, complexo, e a menos que lhe emprestem toda a sua atenção, não o
compreenderão.
Perguntamos se for
medo essa resposta física e sensorial ante o
perigo, a qual implica acção imediata. Ou é inteligência e,
portanto, não é medo
absolutamente? E é a inteligência uma questão que corresponde ao cultivo
da tradição e a memória?
Se o for por que não funciona completamente, como
deve ser, no campo psicológico, onde se está tão terrivelmente temeroso
de tantas coisas? Por que essa mesma inteligência que actua quando
observamos o perigo, não funciona quando há temores
psicológicos? É essa
inteligência física aplicável à natureza psicológica do homem?
Isto é, existem
temores de várias classes que todos conhecemos, do medo à morte, à
escuridão, ao que a esposa ou o marido possa dizer ou fazer, ou ao que o vizinho ou
o chefe possa pensar, todo o tipo de temores. Não vamos detalhar as várias formas de temor; interessa-nos o medo mesmo, não um medo em
particular.
Quando existe temor e nos damos conta disso, há um movimento
para escapar dele, seja reprimindo-o, seja fugindo ou evadindo-o mediante
várias formas de entretenimento, inclusive os de carácter religioso, ou
desdobrando valor, que é resistência ao medo. O escapamento, o entretenimento e o
valor, são formas diversas de resistência ao feito real do medo.
Quanto maior é o medo,
maior é a resistência a ele, e isso dá origem a uma série de actividades
neuróticas.
Há temor e a mente ou o `eu´, diz: `não deve haver temor´, e em
consequência há dualidade. Está o `eu´ que é diferente do
temor, que escapa do
temor e resiste, que cultiva a energia, que teoriza ou vai ao analista; e está o
`não-eu´. O `não-eu´ é temor, e o `eu´ está separado desse temor.
Desse
modo há conflito imediato entre o medo e o `eu´ que está a sobrepor-se ao medo.
Existem o observador e o observado. O observado é o medo, e o observador
é o `eu´ que deseja desfazer-se desse medo.
Há, pois, uma oposição, uma
contradição, uma separação, e portanto há conflito entre o medo e o `eu´ que
deseja desfazer-se desse medo. Estamos a entender?
O problema consiste,
pois, neste conflito entre o `não-eu´ do medo e o `eu´ que pensa que é diferente
do medo e resiste ou trata de vencê-lo, escapar dele, reprimi-lo ou
controlá-lo. Essa divisão dá lugar invariavelmente ao conflito, tal como acontece entre
duas nações com os seus exércitos, as suas armadas e os seus governos soberanos
separados.
De modo que existem o
observador e o observado, o observador que diz: devo desfazer-me desta
coisa terrível, devo terminar isto. O observador está sempre a lutar e está
num estado de conflito.
Isto se converteu no nosso hábito, na nossa
tradição, no nosso condicionamento. E o romper qualquer classe de hábito é uma
das coisas mais difíceis, porque nós gostamos de viver em hábitos, tais como
o fumar, o beber, ou os hábitos sexuais e os
psicológicos.
Igualmente ocorre com as nações, os governos soberanos, que falam de `meu país e o seu
país´, `meu Deus e o seu Deus´, `minha crença e a sua crença´.
Por tradição
combatemos e resistimos o temor, e assim
incrementamos o
conflito e avivamos até mais o medo.
Se isto estiver claro,
podemos então dar o seguinte passo que é: existe alguma diferença real entre o
observador e o observado, neste caso específico?
O observador pensa que é
diferente do observado, o que é o medo. Há alguma diferença entre ele e
a coisa que observa, ou são ambos o mesmo? É óbvio que ambos são a mesma
coisa.
O observador é o
observado, e se surgir algo totalmente novo, então
não há observador absolutamente. Mas dado que o
observador reconhece a
sua reacção como medo, ao qual conheceu previamente, esta divisão existe.
E
conforme aprofundamos mais e mais no assunto, como espero que estejam a
fazer agora, descobrimos por nós mesmos que o observador e o
observado são essencialmente o mesmo.
Portanto, se forem o mesmo, que dá por
eliminada a contradição, o `eu´ e o `não-eu´, e com eles também se
elimina totalmente toda a classe de esforço. Mas isto não significa que alguém
aceita o medo ou se identifica com ele.
Existem o medo, a
coisa observada e o observador que é parte desse medo. O que vamos fazer, pois?
(Estão a trabalhar tão duro como o que os fala? Se meramente escutarem
as palavras, então temo que não resolverão a fundo esta questão do medo).
Existe só o medo, e
não o observador que o observa, porque o observador é
o medo. Aqui ocorrem várias coisas. Primeiro, o que é o medo e como surge? Não
estamos a falar dos resultados do medo, ou da causa do medo, ou de
como o medo obscurece a nossa vida com a sua desdita e fealdade.
Estamos a
indagar o que é o medo e como surge. Devemos analisar o medo continuamente
para descobrir as suas intermináveis causas? Porque quando começam a analisar,
o analisador tem que estar extraordinariamente
livre de todo o prejuízo e condicionamento; tem que olhar, que observar.
De outra
maneira, se existir algum tipo de julgamento, esse
aumenta quanto mais se continuar a analisar.
Portanto, o analisar
para pôr fim ao medo não termina com ele. Espero que haja alguns analistas
aqui! Porque ao descobrir a causa do medo e actuar sobre tal descobrimento, a
causa volta ao efeito, e o efeito volta à causa.
Começa-se com o efeito
e se actua sobre esse efeito para encontrar a causa; então o descobrir a
causa e actuar de acordo com ela passa a ser a seguinte etapa. Ambos, causa e
efeito, convertem-se assim numa cadeia interminável. Se
descartarmos a compreensão da causa do temor e a análise do temor, então, o que
terá que fazer?
Sabem, isto não é um
entretenimento, mas há grande júbilo em
descobrir e em
compreender tudo isto. O que faz que surja o medo, pois?
O tempo e o pensamento
criam o medo o tempo como ontem, hoje e amanhã; existe o medo de que
algo poderá ocorrer amanhã: a perda do emprego, a morte, o facto de que
a esposa ou o marido possam me deixar, de que a enfermidade e a dor
que experimentei faz alguns dias se repitam. Aí é onde o
tempo intervém. O
tempo, que envolve o que o vizinho possa dizer de mim a manhã, ou o tempo de
até agora, de algo
encoberto que fiz há muitos anos
atrás.
O tempo como medo de
que não se realizem alguns desejos profundos e secretos. De maneira
que o tempo forma parte do temor, o temor à morte que chega no final da vida
ou que pode estar à espera à volta de uma esquina; e por isso tenho medo.
Assim, o tempo envolve
o medo e o pensamento. Não existe o tempo se não
existir o pensamento. O pensar no que ocorreu ontem, e o temer que volte a
repetir-se amanhã, é o que produz tanto o tempo como o medo.
Por favor, observem
isto, olhem-no em si mesmos, não aceitem nem resistam a nada, escutem mas
descubram isso por si mesmos, a verdade disto; não se detenham meramente nas
palavras para dizer se estão ou não estão de acordo; sigam adiante.
Para encontrar a verdade, requer-se sensibilidade, paixão por descobrir,
e uma grande energia.
Então descobrirão que
o pensamento engendra o
medo; o pensar no passado ou no futuro, sendo o futuro o seguinte
minuto, ou o seguinte dia, ou dez anos depois, o pensar a respeito disso faz
disso um acontecimento. E o pensar num acontecimento que foi prazenteiro
ontem, mantém e dá continuidade a esse prazer, não
importa que esse
prazer seja sexual, sensorial, intelectual ou psicológico. O pensar a respeito
disso e construir uma imagem, como faz a maioria, confere a esse
acontecimento passado uma continuidade através do pensar, e isso engendra mais
prazer.
O pensamento engendra
medo e também prazer; ambos criam o tempo. De maneira que o
pensamento engendra essa moeda de duas caras do prazer e da dor, que é o medo.
O que terá que fazer então? Rendemos culto ao pensamento, o qual se
tornou tão extraordinariamente importante, que pensamos que quanto
mais engenhoso é, melhor é. No mundo dos negócios, no mundo religioso, ou
no mundo da família, o intelectual sente prazer com o uso do pensamento,
essa moeda de duas caras, essa grinalda de palavras.
Como honramos às
pessoas que são intelectual e verbalmente hábeis no seu modo de pensar! Mas o
pensamento é responsável pelo temor e do que chamamos prazer.
Não dizemos que não
devêssemos ter prazer. Não somos puritanos, tratamos de compreendê-lo, e na
mesma compreensão de todo este processo, o medo cessa. Então verão que
o prazer é algo completamente diferente.
(Examinaremos isto se
tivermos tempo). O pensamento é, portanto
responsável por esta
agonia: um lado é agonia e o outro lado é prazer e a sua continuidade; a
urgência de prazer e a sua perseguição, em todas as formas, incluindo a religiosa.
O que deve fazer, então, o pensamento? Pode terminar?
É essa a pergunta
correcta? E quem vai terminar com ele?
É o `eu´, que não é pensamento? Mas o `eu´
é resultado do pensamento. E assim se repete o mesmo velho problema;
o `eu´ e o `não-eu´ que é o observador que diz: Se só pudesse pôr fim ao
pensamento, então poderia desfrutar de uma vida distinta!
Mas existe unicamente
o pensamento, e não o observador que diz:`desejo que o pensamento termine´,
porque o observador é o produto do pensamento. E, como surge o
pensamento?
Podemos ver muito facilmente que é a resposta da memória, da
experiência e o conhecimento todo, o qual é o cérebro, depósito da memória. Quando lhe
perguntamos algo, responde com uma reacção que é memória e
reconhecimento. O cérebro é o resultado de milénios de evolução e condicionamento, o
pensamento é sempre velho, nunca é livre; é a resposta de
todo o
condicionamento.
O que temos de fazer?
Quando o pensamento se dá conta de que não pode fazer nada com o medo
porque ele cria o medo, então surge o silêncio; então há uma negação
completa de qualquer movimento que engendre temor.
Portanto, a mente,
incluindo o cérebro, observa todo esse fenómeno do hábito, da contradição e luta
entre o `eu´ e o `não-eu´. E compreende que o observador é o
observado.
E vendo que o medo não pode ser meramente analisado e
descartado, mas sim sempre estará ali, a mente também vê que a
análise não é o
caminho. Então pergunta-se: qual é a origem do temor? Como surge?
Dissemos que é
engendrado pelo tempo e o pensamento. O pensamento é a resposta da memória, e
o pensamento cria o medo. Também dissemos que o medo não pode cessar
mediante o mero domínio ou repressão do pensamento, ou tentar transmutar o
pensamento, ou nos agradar em todas as muletas que jogamos a
nós mesmos. Ao dar-se conta de todo este padrão, e ao ver tudo isto
por si mesmo, o próprio pensamento diz: estarei quieto a verificar, sem
repressão alguma. Estarei silencioso.
Assim o medo chega ao
seu fim, no qual significa o afastamento do sofrimento e a compreensão de nós
mesmos, o conhecimento de si mesmo. Sem este conhecimento não há
fim para a dor e o medo. Só uma mente que está livre de medo, essa pode enfrentar a realidade."
Jiddu Krishnamurti
"O vôo da águia"
t.
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