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sexta-feira, 22 de abril de 2016

The mutation of psyche...







The mutation 

of psyche...








What we are going to do is to learn about ourselves—not according to the speaker, or to Freud, or to Jung, to some analyst or philosopher, but to learn actually what we are.


If we learn about ourselves according to Freud we learn about Freud, not about ourselves. 

To learn about oneself, all authority must come to an end, all authority, whether it be the authority of the church or of the local priest, or the famous analyst, or of the greatest philosophers with their intellectual formulas, and so on. 


So the first thing that one has to realize when we become serious, demanding a total revolution within the structure of our own psyche, is that there is no authority of any kind.



That is very difficult, for there is not only the outward authority, which one can easily reject, but there is inward authority: the inward authority of one’s own experience, of one’s own accumulated knowledge, of the opinions, ideas, ideals which guide one’s life and according to which one tries to live.












"Em todas as páginas deste livro, o que sempre nos interessou foi a realização, em nós mesmos, e por conseguinte, em nossas vidas, de uma revolução total fora da estrutura social ora existente. 


A sociedade, como actualmente está constituída, é uma coisa horripilante, com as suas intermináveis guerras de agressão, não importa se agressão defensiva ou ofensiva. Necessitamos de uma coisa totalmente nova, de uma revolução, uma mutação na própria psicose. 


O velho cérebro nenhuma possibilidade tem de resolver o problema humano das relações. O velho cérebro é asiático, europeu, americano ou africano, e assim, interrogamos a nós mesmos se é possível operar-se uma mutação nas próprias células cerebrais.


Investiguemos, também, agora que chegamos a compreender-nos melhor, se é possível a um ente humano que vive a sua vida normal de cada dia, neste mundo brutal, violento, cruel, um mundo que se está a tornar cada vez mais eficiente, e por conseguinte, cada vez mais cruel, se é possível a esse ente humano promover uma revolução não só nas suas relações externas, mas também em toda a esfera do seu pensar, sentir, agir e reagir.






Todos os dias vemos ou lemos coisas aterradoras que estão a acontecer no mundo, como resultado da violência no homem existente. Podeis dizer: `Eu nada posso fazer a esse respeito´, ou `Como posso influir no mundo?´. 



Eu acho que podeis influir no mundo de uma maneira admirável se em vós mesmos não sois violento, se viveis realmente, em cada dia, uma vida pacífica, uma vida sem competição, sem ambição, sem inveja, uma vida não causadora de inimizade. 




Pequenas chamas podem tornar-se em incêndio. Reduzimos o mundo ao seu actual estado de caos com a nossa actividade egocêntrica, os nossos preconceitos, o nosso nacionalismo, e quando dizemos que nada podemos fazer a tal respeito, estamos a aceitar como inevitável a desordem em nós mesmos existente. 


Partimos o mundo em fragmentos, e se nós mesmos estamos partidos, fragmentados, a nossa relação com o mundo será também fragmentária. 
Mas se, quando agimos, agimos totalmente, então a nossa relação com o mundo passa por uma enorme revolução.



















Afinal de contas, todo o movimento que vale o esforço, toda a acção de profunda significação, tem de começar em cada um de nós. 


Eu tenho de mudar primeiro; tenho de ver qual é a natureza e a estrutura da minha relação com o mundo, e no próprio acto de ver está o fazer, por conseguinte, como ente humano que vive neste mundo, devo criar uma coisa diferente, e essa coisa, a meu ver, é a mente religiosa.



A mente religiosa difere completamente da mente que crê na religião. Não podeis ser religioso e ao mesmo tempo hindu, muçulmano, cristão, budista. 


A mente religiosa nada busca, não pode fazer experiências com a verdade. A verdade não é uma certa coisa ditada pelo vosso prazer ou a vossa dor, ou pelo vosso condicionamento hindu ou qualquer que seja a religião a que pertenceis. 


A mente religiosa é um estado de espírito em que não há medo, e por conseguinte, não há crença de espécie alguma, porém, tão-só o que é, o que realmente é.





Na mente religiosa há aquele estado de silêncio que já examinamos, que não é produzido pelo pensamento, mas é oriundo do percebimento, ou seja da meditação com completa ausência do meditador. Nesse silêncio há um estado de energia isento de conflito. 

Energia é acção e movimento. Toda a acção é movimento e toda a acção é energia. Todo o desejo é energia. Todo o sentimento é energia, todo o pensamento é energia. Todo o viver é energia. Toda a vida é energia. Se se deixa essa energia fluir sem nenhuma contradição, nenhum atrito, nenhum conflito, ela é então ilimitada, infinita. Quando não há atrito, não há limites à energia. O atrito é que dá limites à energia. 


Assim, percebido isso, por que é que o ente humano sempre introduz o atrito na energia? Por que cria atrito, nesse movimento a que chamamos vida? A energia pura, a energia ilimitada é para ele apenas uma ideia? Não tem realidade?



Necessitamos de energia, não só para promovermos a revolução total em nós mesmos, mas também para podermos investigar, olhar, actuar. 



E, enquanto houver atrito, de qualquer natureza, em qualquer das nossas relações, seja entre marido e mulher, seja entre um homem e outro, entre uma e outra comunidade, ou uma e outra nação, ou uma ideologia e outra, se há qualquer atrito, interior ou exterior, em qualquer forma, por mais subtil que seja, há desperdício de energia.





Enquanto houver um intervalo de tempo entre o observador e a coisa observada, esse intervalo criará atrito, e por conseguinte, desperdício de energia. Essa energia se acumula até ao mais alto grau quando o observador é a coisa observada, e nisso não há nenhum intervalo de tempo. 


Haverá então energia sem motivo, a qual encontrará o seu próprio canal de acção, porque, então, o `EU´ não existe.


Necessitamos de uma enorme abundância de energia para compreender a confusão em que estamos a viver, e o sentimento `tenho de compreender´ produz a vitalidade necessária para a compreensão. Mas, o descobrir, o investigar, implica o tempo, e como já vimos, o gradual descondicionamento da mente não é a maneira certa de proceder.


O tempo também não é o caminho certo. Quer sejamos velhos, quer jovens, é agora que o integral processo da vida pode ser levado a uma dimensão diferente. 
A busca do oposto do que somos não é, tampouco, o caminho certo e também não o é a disciplina artificial imposta por um sistema, por um instrutor, um filósofo ou sacerdote; tudo isso é muito infantil. 



Ao percebermos isso, perguntamos a nós mesmos: `Será possível libertarmo-nos imediatamente desta secular e pesada carga de condicionamento, sem cairmos noutro condicionamento, sermos livres, com a mente completamente nova, sensível, viva, alertada, intensa, capaz?´. Eis o nosso problema. 





Não há outro problema, porque, quando a mente se renova é capaz de enfrentar e resolver qualquer problema, É essa a única pergunta que temos de fazer a nós mesmos.


Mas, nós não a fazemos. Preferimos ser ensinados. Um dos aspectos mais curiosos da estrutura da nossa psicose é o querermos, todos nós, ser ensinados, porquanto somos o resultado de uma propaganda de dez mil anos. 
Queremos ver o nosso modo de pensar confirmado e corroborado por outrem, ao passo que fazer uma pergunta é fazê-la a nós mesmos. 


O que eu digo tem muito pouco valor. Vós o esquecereis no mesmo instante em que fechardes este livro, ou vos lembrareis de algumas frases, as quais ficareis a repetir, ou comparareis o que aqui lestes com o que lestes noutro livro; não quereis olhar de frente a vossa própria vida. 


E só ela é que importa: a vossa vida, vós mesmos, a vossa mediocridade, a vossa superficialidade, a vossa brutalidade, a vossa violência, a vossa avidez, a vossa ambição, a vossa diária agonia e infinito sofrer; é isso que tendes de compreender, e ninguém, nem na terra, nem no céu, pode salvar-vos, senão vós mesmos.





Vendo tudo o que se passa na vossa vida diária, nas vossas actividades quotidianas, quando escreveis, quando falais, quando sais de carro ou passeais a sós numa floresta, podeis, num só alento, num só olhar, conhecer a vós mesmos, muito simplesmente, tal como sois? 


Quando vos conhecerdes como sois, compreendereis então toda a estrutura da luta do homem, os seus embustes, as suas hipocrisias, a sua busca. 






Para tanto, tendes de ser sumamente honesto perante vós mesmos, em todo o vosso ser. Quando agis de acordo com os vossos princípios, estais a ser desonesto, porque quando agis conforme o que julgais ser correcto, não sois o que sois. É uma coisa brutal, ter ideais. Se tendes ideais, crenças ou princípios de qualquer espécie, não podeis de modo nenhum olhar-vos directamente. 


Portanto, podeis ser completamente negativo, manter-vos inteiramente tranquilo, sem pensar, sem temer, e ao mesmo tempo estar extraordinariamente, apaixonadamente, vivo?

Aquele estado em que a mente já não é capaz de lutar constitui a verdadeira mente religiosa, e, nesse estado mental, podeis encontrar-vos com essa coisa denominada verdade ou realidade ou bem-aventurança ou Deus ou beleza ou amor. 


Essa coisa não pode ser chamada. Por favor, compreendei esse simples facto. Ela não pode ser chamada, não pode ser buscada, porque a vossa mente é tão estúpida e limitada, as vossas emoções tão vulgares, a vossa maneira de vida tão confusa, que aquela imensidade, aquela coisa ilimitada não pode ser chamada a vossa pequena casa, ao insignificante canto em que viveis, tão pisado e cuspido. Não podeis chamá-la. 






Para a chamardes, deveis conhecê-la, e vós não podeis conhecê-la. No momento em que alguém, não importa quem, diz: `Sei´, não sabe. No momento em que dizeis que achastes, não achastes. 
Se dizeis que a experimentastes, nunca a experimentastes. Tudo isso são maneiras de explorar um homem, o vosso amigo ou inimigo.


Perguntamos então, a nós mesmos, se é possível encontrar-nos com essa coisa sem a chamarmos, sem a esperarmos, sem a buscarmos ou explorarmos, se é possível ela `acontecer´, tal como a brisa fresca que entra na sala quando deixamos a janela aberta. 

Não podeis convidar o vento a entrar, mas tendes de deixar aberta a janela, o que não significa ficar num estado de espera; essa é uma outra maneira de nos enganarmos. Não significa que devais `abrir-vos´ para receber; essa é uma outra forma de pensamento.

Nunca perguntastes a vós mesmos por que aos entes humanos falta essa coisa? Eles geram filhos, satisfazem o sexo, têm ternuras, a capacidade de compartilhar as coisas num estado de companheirismo, de amizade, de camaradagem, mas essa coisa, por que razão não a tem? 





Nunca vos ocorreu, num momento de folga, ao andardes sozinho por uma rua imunda, ao viajardes num carro, ao passardes umas férias à beira-mar, ao passeardes numa floresta, entre os pássaros, as árvores, os regatos, os animais selvagens, nunca vos ocorreu perguntar por que razão o homem, que vive há milhões e milhões de anos, ainda não possui essa coisa, essa flor maravilhosa e imarcescível; por que razão vós, um ente humano, dotado de tanta capacidade, tanta inteligência, tanta subtileza; vós, que tanto competis, que possuis uma tão maravilhosa tecnologia, que sois capaz de elevar-vos aos espaços e de descer ao fundo do mar, de inventar fantásticos cérebros electrónicos, por que razão não possuis essa única coisa verdadeiramente importante? 


Não sei se alguma vez já considerastes seriamente esta questão: Por que está vazio o vosso coração?


Que responderíeis se fizésseis a vós mesmos essa pergunta; qual seria a vossa resposta imediata, inequívoca, sem subtilezas? 


A vossa resposta deveria corresponder à intensidade com que fizésseis a pergunta, e ao vosso sentimento de urgência; mas vós não sois intenso, nem sentis aquela urgência, e isso porque não tendes energia, a energia que é paixão, pois nenhuma verdade se pode descobrir sem paixão, paixão impelida por intenso fervor, paixão sem nenhum desejo secreto. 


A paixão é uma coisa um tanto assustadora, porque se tendes paixão, não sabeis aonde ela vos levará.

Assim, será o medo a razão por que não possuis a energia daquela paixão, para descobrirdes por vós mesmos por que vos falta aquela essência do amor, por que não arde no vosso coração essa chama? 

Se examinastes com muita atenção a vossa mente e o vosso coração, sabereis por que não a tendes. Se sois apaixonado, no descobrir por que não a possuis, ela se vos mostrará. Só pela negação completa, a mais alta forma da paixão, torna-se existente aquela coisa que é o amor. 


Como a humildade, não podeis cultivar o amor. 
A humildade vem à existência com a total cessação da presunção, e então, jamais sabereis o que é ser humilde. O homem que sabe o que significa ter humildade é um homem vaidoso. 



Do mesmo modo, quando aplicais a vossa mente e o vosso coração, os vossos nervos, os vossos olhos, todo o vosso ser, a descobrir o caminho da vida, a ver o que realmente é, e a ultrapassá-lo, a rejeitar total e completamente a vida que hoje vivemos, nessa negação do maléfico, do brutal, torna-se existente a outra coisa. 



E nunca o sabereis. O homem que sabe que está em silêncio, o homem que sabe que ama, não sabe o que é o amor ou o que é o silêncio."






















Jiddu Krishnamurti
"Liberte-se do passado"















t.































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