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domingo, 17 de abril de 2016

Perceiving the fact as it is...



It is important to see, 
is it not?

That no one can give us freedom from the conflict of relationship. 

We can hide behind the screen of words, or follow a teacher, or run to a church, or lose ourselves in a cinema or a book, or keep on attending talks; but it is only when the fundamental process of thinking is uncovered through awareness in relationship that it is possible to understand and be free of that friction which we instinctively seek to avoid. 

Most of us use relationship as a means of escape from ourselves, from our own loneliness, from our own inward uncertainty and poverty, and so we cling to the outer things of relationship, which become very important to us. 

But if, instead of escaping through relationship, we can look into relationship as a mirror and see very clearly, without any prejudice, exactly what is, then that very perception brings about a transformation of what is, without any effort to transform it. 

There is nothing to transform about a fact; it is what it is. 

But we approach the fact with hesitation, with fear, with a sense of prejudice, and so we are always acting upon the fact and therefore never perceiving the fact as it is. 

When we see the fact as it is, then that very fact is the truth which resolves the problem.”



Jiddu Krishnamurti




Perceiving

the fact as it is...










"Vedes, pois, que a rosa, e o universo e os seus habitantes, e a vossa própria esposa, se a tendes, e as estrelas, os mares, as montanhas, os micróbios, os átomos, os neutrons, esta sala, aquela porta, existem realmente.

Agora, o segundo passo: o que pensais ou sentis a respeito dessas coisas é a  vossa reacção psicológica a elas. A essa reacção chamamos `pensamento´ ou `emoção´.

Consequentemente, o percebimento superficial é uma coisa muito simples: ali está aquela porta. 

Mas a descrição da porta não é a porta, e quando emocionalmente vos deixais enredar na descrição, não vedes  a porta. 

Essa descrição pode ser uma palavra, ou um tratado científico, ou uma forte reacção emocional; nada disso constitui a própria porta. 

É muito importante compreender isso desde o começo. 

Se não o compreendermos, tornar-nos-emos cada vez mais confusos. A descrição nunca é a coisa descrita.

Embora neste momento estejamos a fazer uma descrição, não podemos evitá-lo, a coisa que estamos a  descrever não é a descrição que dela fazemos. Peço-vos pois, ter isto em mente, em toda a duração desta palestra. 

A palavra nunca é o real, mas facilmente nos deixamos arrebatar ao alcançarmos o segundo grau do percebimento, aquele em que o percebimento se torna pessoal, e por influência da palavra, nos tornamos emocionais.

Temos pois, o percebimento superficial da árvore, do pássaro, da porta, e temos a reacção a esse percebimento, ou seja o pensamento, o sentimento, a emoção. 

Pois bem; ao nos tornarmos conscientes dessa reacção, podemos chamá-la um segundo grau de profundidade do percebimento. 

Há o percebimento da rosa, e o percebimento da reacção à rosa. Muitas vezes, não temos percebimento dessa 
reacção à rosa. 

Na realidade é o mesmo percebimento que vê a rosa e vê a reacção. Trata-se de um só movimento, e é erróneo falar de percebimento externo e percebimento interno. 

Quando há a percepção visual da árvore, sem nenhuma complicação psicológica, não há divisão nessa relação. 

Mas, quando há uma reacção psicológica à árvore, esta é uma reacção condicionada, a reacção das lembranças e experiências passadas, sendo essa reacção uma divisão na relação. 


É a origem disso a que chamamos `eu´, em relação com o `não-eu´





É dessa maneira que vos pondes em relação com o mundo.


É assim que se cria o indivíduo e a colectividade. O mundo é percebido, não como é em si, mas nas suas diferentes relações com o `ego´ nascido da memória. 


Essa divisão é a vida e é o florescimento disso a que chamamos o `nosso ser psicológico´, e dela procedem todas as contradições e divisões.


Estais a perceber isso com toda a clareza? No percebimento da árvore, não há avaliação de espécie alguma.

Mas, quando há uma reacção à árvore, quando a árvore é julgada com agrado ou desagrado, ocorre, então nesse percebimento, a divisão em `eu´ e `não-eu´, sendo o `eu´ diferente da coisa observada.



Esse `eu´ é a reacção, nas relações, das lembranças e experiências do passado.




Ora, pode haver um percebimento, uma observação da árvore, sem nenhuma espécie de julgamento, e pode haver uma observação da `resposta´, das reacções, inteiramente isenta de julgamento? 


Desse modo, erradicamos o princípio da divisão, o princípio do `eu´ e `não-eu´, tanto quando olhamos a árvore, como quando olhamos a nós mesmos."













"Já vimos o quanto são condicionadas as nossas reacções. 


Se se pergunta se existe um `eu´ fora das relações, tal pergunta será puramente especulativa, enquanto não se estiver livre daquelas reacções condicionadas. Percebeis?





Assim, a primeira questão não é se existe, ou não, um `eu´ fora das reacções condicionadas, mas sim, se a mente, que inclui todos os nossos sentimentos, pode libertar-se desse condicionamento, que é o passado. 

O passado é o `eu´. Não há `eu´ no presente. Enquanto a mente funciona no passado, existe `eu´ e a mente é esse passado, é esse `eu´.

Não se pode dizer `isto é a mente´ e `isto é o passado´, seja o passado de alguns dias, seja o de há dez mil anos. 


Portanto, perguntamos: Pode a mente libertar-se do ontem? Ora, há várias coisas implicadas nesta questão, não é verdade? 






Primeiro, o percebimento superficial; depois, o percebimento da reacção condicionada; em seguida, o percebimento de que a mente é o passado, de que a mente é aquela reacção condicionada; e por fim, a questão de se a mente pode libertar-se do passado. 


Tudo isso constitui um acto unitário de percebimento, porque nele não há conclusões. 


Ao dizermos que a mente é o passado, esse percebimento não é uma conclusão verbal, porém um percebimento real do facto. Os franceses têm uma palavra para o percebimento de um facto: `constatation´ . Ao perguntarmos se a mente pode libertar-se do passado, esta pergunta é feita pelo censor, o `eu´, que é o próprio passado?



PERGUNTA: Pode a mente libertar-se do passado?



J. Krishnamurti: Quem está a fazer essa pergunta? A entidade resultante de inúmeros conflitos, memórias e experiências, é essa entidade que está a fazer a pergunta, ou a pergunta vem por si, por efeito da percepção do facto? 

Se é o observador quem faz a pergunta, neste caso ele está a tentar fugir do facto, ou seja de si próprio, porque diz ele, há tanto tempo vivo em sofrimento, tribulação, tristeza, que gostaria de sair desta luta constante. Se faz a pergunta por efeito desse `motivo´, a `resposta´ será a de buscar um certo refúgio. 


Ou fugimos a um facto, ou o enfrentamos. 
A palavra e o símbolo representam fuga a ele.





Com efeito, o simples enunciar de tal pergunta já é um acto de fuga, não? 

Tratemos de perceber se essa pergunta é, ou não, um acto de fuga. Se é, ela é barulho. Se não há observador, há então silêncio, a negação completa de todo o passado.


PERGUNTA: Aqui, fico desorientado. Como posso apagar o passado em poucos segundos?


J. Krishnamurti: Tenhamos em mente que estamos a tratar do percebimento. Estamos a conversar sobre a questão do percebimento.

Existe a árvore e a `reacção condicionada´ à árvore, reacção que é o `eu´ em relação, o `eu´ que constitui o centro mesmo do conflito. 

Pois bem; é esse `eu´ quem está a fazer a pergunta? Esse `eu´ que, conforme dissemos, é a estrutura mesma do passado? 

Se a pergunta não vem da estrutura do passado, se não é feita pelo `eu´, não há então nenhuma estrutura do passado. 


Quando a estrutura faz a pergunta, está a operar em relação ao facto, que é ela própria, está com medo de si própria e actua com o fim de fugir de si própria. 


Quando não é a estrutura quem faz a pergunta, não está a actuar em relação a si própria. 


Recapitulo: Existe a árvore, existe a palavra, a reacção à árvore, ou seja o `censor´ ou `eu´, que vem do passado; e a seguir, faz-se a pergunta: Posso livrar-me de toda esta agitação e agonia? 





Se é o `eu´ quem faz essa pergunta, está a perpetuar a si próprio.

Pois bem; ao perceber isso, ele não faz a pergunta! Percebe isso e todas as suas consequências, tal pergunta não pode ser feita. 

O `eu´ não a faz, porque percebe a armadilha. Estais a ver agora que esse percebimento é todo superficial? É idêntico ao percebimento que vê a árvore.


PERGUNTA: Existe outra espécie de percebimento? Existe outra dimensão do percebimento?


J. Krishnamurti: Mais uma vez, sejamos cautelosos, vejamos com toda a clareza se não estamos a fazer esta pergunta com algum `motivo´. 


Se há motivo, estamos novamente na armadilha da reacção condicionada. 


Quando o observador está em silêncio, mas não foi posto em silêncio, está então a despontar um percebimento de diferente natureza.


PERGUNTA: Que acção seria possível, em quaisquer circunstâncias, sem o observador; que pergunta ou que acção?


J. Krishnamurti: Mais uma vez, estais a fazer a pergunta deste lado do rio ou vem ela da outra margem? 

Se estais na outra margem, não fareis tal pergunta; se estais na outra margem, a vossa acção provirá daquela margem. 


Trata-se pois, de um percebimento desta margem, com a sua estrutura, a sua natureza e as suas armadilhas, e a procurar fugir da armadilha é cair noutra armadilha. Que coisa monótona!



O percebimento nos mostrou a natureza da armadilha, e por conseguinte, há a negação de todas as armadilhas; a mente, portanto, está agora vazia. Vazia do `eu´ e da armadilha. 





Essa mente tem uma natureza diferente, uma diferente dimensão de percebimento. Esse percebimento não está consciente de `estar consciente´.


PERGUNTA: Deus meu! Isso é difícil demais. Estais a dizer coisas que parecem verdadeiras, que soam como verdadeiras, mas ainda não as alcancei. Podeis dizê-lo de outra maneira? Podeis puxar-me para fora da minha armadilha?


J. Krishnamurti: Ninguém pode puxar-vos para fora da armadilha, nenhum guru, nenhuma droga, nenhum mantra, pessoa alguma, inclusive eu mesmo, principalmente eu mesmo. 


O que vos cumpre fazer é apenas manter-vos consciente do começo ao fim, não vos tornardes desatento no meio do caminho.




Essa nova qualidade de percebimento é a atenção, e nessa atenção não existe nenhuma barreira levantada pelo `eu´. 



Essa atenção é a mais elevada forma da virtude, e por conseguinte, é amor. 






É a inteligência suprema, e não pode haver atenção, se não fordes sensível à estrutura e natureza dessas armadilhas construídas pelo homem."




Jiddu Krishnamurti
"A luz que não se apaga"












t.
































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